Opinião: Senhoras e Senhores: o (novo) “Assistente de Sala”!
Tínhamos ficado no último artigo desta rubrica com a promessa de que o tema a abordar hoje seria a profissão de Empregado/a de Mesa, melhor dito, a profissão de Assistente de Sala, uma renomeação proposta em recente negociação de contrato coletivo de trabalho entre a AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e o SITESE – Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços, acordo pelo qual felicito estas organizações. Já irei à questão da nova nomenclatura profissional, importa para já referir também que naquele acordo entre a associação patronal e a associação sindical referidas ficou previsto um aumento salarial médio de 6,7% para 2025 no conjunto das profissões afetas a restaurantes, cafés e bares, também alargado, tratando-se de funções similares, a parques de campismo e a campos de golfe. Este acordo, bem entendido, aplica-se às empresas associadas da AHRESP, não nos dando por isso a perspetiva total do setor ou de tudo o que se está a negociar e a concretizar em termos de contratação coletiva (e tudo o que também existe para além desta), mas é já um bom retrato e mais um sinal de que as coisas estão a mudar. É evidência de uma estratégia e de um dos caminhos possíveis para a regulação e valorização das profissões, genericamente falando, do Turismo, sendo poucos os agentes económicos e sociais que neste momento não defendem este como o caminho certo para alcançar estes objetivos. Porém, sabemos também que a maior estrutura sindical para o setor, afeta à CGTP – Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, não assinou aquele acordo, por discordar de muitos outros pontos que, legitimamente, reivindicou em termos negociais, situação que não deixa de ser normal naquilo que é a realidade da concertação social portuguesa, é assim em qualquer negociação nas nossas vidas: apresenta-se determinados objetivos, cede-se aqui ou acolá, consensualiza-se ou não, e temos o resultado possível. “O caminho faz-se caminhando”, como disse o poeta, temos de ser otimistas, ver o “copo meio cheio” para nos motivarmos a prosseguir a mudança e não deixar, nunca(!), que o copo fique vazio. Ora aqui está uma boa metáfora para aquilo que vos quero dizer a seguir.
Trata-se da referida questão de nomenclatura em relação a uma profissão algo (ou muito?) mal-amada no conjunto das profissões do Turismo: o/a Empregado/a de Mesa, agora, no âmbito daquele acordo AHRESP/SITESE, renomeado ou rebatizado como Assistente de Sala. E para que é que isto serve? Se não servir para mais nada, servirá pelo menos para voltar a colocar em cima da mesa a discussão sobre o que é que esta nobre função, esta profissão e carreira, representa para o setor da restauração em particular e da hospitalidade portuguesa em geral, alargando o debate, também, a muito mais agentes. Um convite à reflexão, ainda, sobre a importância do capital humano e um incentivo para que as empresas invistam num serviço de excelência, capaz de transformar cada atendimento ao cliente numa experiência memorável, elevando ainda mais o prestígio da nossa gastronomia, dos nossos vinhos, da nossa cultura. Para isso as empresas devem contar com profissionais qualificados que, de preferência, passem pelos cursos das Escolas Profissionais, das Escolas do Ministério da Educação, dos Centros de Formação do IEFP ou das Escolas de Hotelaria e Turismo, específicos para esta área. Opções para a capacitação de trabalhadores de excelência não faltam, seja em modalidades de formação inicial ou de formação contínua. Não disse já… “que o caminho se faz caminhando”?


