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Opinião: Capital da Deep Tech

22 de setembro às 10 h22
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A Suíça em 2025 não perdeu tempo. Enquanto muitos países ainda discutem se a inovação deve nascer primeiro no papel do governo, no laboratório da universidade ou no bolso do investidor, os suíços meteram todos dentro do mesmo bonde e fizeram-no andar.

Resultado? Tornaram-se a capital europeia da deep tech, esse território onde inteligência artificial, robótica, computação quântica e tecnologias climáticas já não são promessa distante, mas indústria, investimento e futuro concreto. O modelo é simples na aparência e sofisticado na execução: universidades de excelência como a ETH Zurique e a EPFL Lausanne alimentam o motor científico, parques de inovação funcionam como estufas de ideias aplicadas, e fundos de investimento de longo prazo garantem que as startups não morram de sede no deserto entre rondas de financiamento.

Tudo isto assente numa palavra que falta em tantos lugares: resiliência. A Suíça atravessa crises económicas sem que a sua máquina de inovação pare, porque entende que é precisamente aí que se decide o futuro. E Coimbra? Coimbra tem os ingredientes para seguir caminho semelhante.

De um lado, a Universidade, com a sua tradição secular e capacidade de gerar conhecimento de ponta. Do outro, o Politécnico, com a sua vocação prática e a energia jovem dos seus cursos. Separados, já são relevantes; mas juntos poderiam criar um ecossistema com peso europeu, capaz de ligar ciência, tecnologia e empresas numa mesma estratégia de futuro. Na Suíça, a cooperação entre uma politécnica e uma universidade, entre franceses e alemães, tornou-se natural: partilham laboratórios, projetos e até ambições nacionais.

É esse espírito de complementaridade que permite ao país liderar em inovação. Coimbra não precisa de reinventar a roda, basta pôr o talento a remar para o mesmo lado. A oportunidade está à porta: transformar a tradição académica e o dinamismo prático em motor de desenvolvimento, capaz de projetar Coimbra não apenas como cidade de passado, mas como capital de futuro. Só falta a decisão de entrar no bonde. Porque, se se perder tempo em hesitações, corre-se o risco do pior erro estratégico: deixar o bonde passar.

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