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Opinião: Uma questão de género…

23 de junho às 12h30
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No que toca à Academia de Coimbra, muito do que é mais importante e mais agradável assume o género feminino.
Por exemplo: a Universidade, as Faculdades, as aprovações, as férias, as capas e batinas, as pastas, as sebentas, as Queimas das Fitas, as Latadas e outras festas, e até a própria Academia e a cidade de Coimbra…
Em contrapartida, são do género masculino aspectos bem menos agradáveis, como os exames e, sobretudo, os “chumbos”…
Esta dicotomia assume particular significado quando se fala da prática desportiva, avultando, sobre todas as coisas, a Associação Académica de Coimbra – conhecida no País (e em todo o Mundo!…) por Académica ou “Briosa”.
Ora sucede que numa época não muito distante, a modalidade mais famosa da Académica, o futebol, se viu forçada a mudar, não de sexo, mas de género…
Foi a 20 de Junho de 1974 (completaram-se 47 anos no passado domingo). Menos de dois meses antes saíra à rua, triunfante, a “Revolução dos Cravos”. No meio do entusiasmo, da euforia e dos radicalismos que caracterizam todas as revoluções, há sempre quem se lembre de tomar medidas drásticas, que rompam com as regras e quebrem os hábitos. Assim, nesse dia efectuou-se uma acalorada Assembleia Magna que aprovou a extinção da Secção de Futebol da Associação Académica de Coimbra (AAC), com o argumento de que ela não respeitava os princípios amadores das restantes Secções.
Reagiu um grupo de adeptos da velha e prestigiada Briosa, que, não se conformando com esta decisão, criou o Clube Académico de Coimbra (CAC) – designação que a Académica já tivera no séc. XIX. Na sequência da acesa “batalha jurídica” que se gerou, e de manifestações públicas de apoiantes, a Federação Portuguesa de Futebol viria a aceitar, dois meses depois, a legitimidade do “herdeiro”.
E foi assim, “travestida” de CAC, que a Académica jogou durante uma década.
Até que em 1984, quando a Associação Académica de Coimbra era presidida por Ricardo Roque e o CAC tinha como Presidente o eng.º Jorge Anjinho, foi assinado um protocolo que reintegrou a equipa de futebol na AAC, com o estatuto de Organismo Autónomo de Futebol (OAF) – que se mantém desde então.
Registe-se que a AAC tem também a sua Secção de Futebol, amadora, de que muito se orgulha, como é referido no “site da AAC:
“A Associação Académica de Coimbra – Secção de Futebol, atualmente disputa a Divisão de Honra da Associação Futebol de Coimbra. Trata-se de um clube diferente de todos os outros, sem remunerações ou prémios de jogos, totalmente composto por estudantes universitários da academia de Coimbra, desde o Presidente aos jogadores. Quem chega a Coimbra como caloiro Universitário e veste a camisola da Académica sente o espírito e o orgulho de fazer parte de um clube histórico ao qual ficará, inevitavelmente, para sempre ligado. No palmarés destaca-se a vitória na primeira edição da Taça de Portugal.”
Tal como os actuais praticantes, foi também “por amor à camisola” que, há 37 anos, antigos e actuais estudantes fizeram “renascer” a Briosa, devolvendo-lhe o belo género!
Assim, a par com esta evocação, é justo aqui fazer uma singela homenagem à memória do eng.º Jorge Anjinho, que a morte tão prematuramente levou, e que tanta falta fez à Académica e à cidade de Coimbra.

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