Opinião: Sente segurança sanitária em espaços fechados?
Embora ainda incipiente e muito ambígua, começa a ganhar corpo a catalogação (do jornal El Mundo) em que nos dividiremos, relativamente a tudo o que, entretanto, disser respeito ao covid-19, em neuróticos, responsáveis e irresponsáveis.
O sentimento de segurança sanitária em espaços fechados (cujo índice é pessoal, intransmissível e, porventura, pouco sustentado cientificamente), tendo em conta aquele referencial, está ancorado, assim, em fatores externos (a informação prestada, as políticas empreendidas, as medidas tomadas – e respetivo justo enquadramento, grau de coerência e nível de eficácia) e internos (alcance da assunção de responsabilidade pessoal e cosmovisão).
Escrevo estas linhas no dia em que ficou a saber-se que o país não avança para a próxima fase de desconfinamento, prevista para 28 de junho, ficando assim adiadas diversas medidas; que se mantém a proibição de circulação de e para a Área Metropolitana de Lisboa ao fim de semana; que 3 concelhos recuaram para o “vermelho”; que estão 25 no “laranja”, com níveis elevados de risco e 19 em alerta, num cenário preocupante em que apenas 2 concelhos (Águeda e Sertã, já agora) recuperaram – e isto poderia colocar-me nos neuróticos, logo sanitariamente inseguro em espaços fechados.
Vivo num país criticado há poucos dias por Angela Merkel porque o aumento de casos e a expansão da variante Delta podiam ter sido evitados se o Governo não tivesse aberto a porta aos turistas britânicos, mas também pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde, dado o voluntarismo excessivo na gestão da resposta à pandemia, a insuficiência de planeamento e de investimento e a gestão mais política do que técnica deste flagelo – e isto poderia colocar-me nos irresponsáveis.
Mas desejo a retoma da atividade (neste caso económica e social, outrossim a todos os outros níveis), pelo que iniciativas, como as do Turismo de Portugal com o selo “Clean&Safe”, que asseguram a higiene e a limpeza para a prevenção e o controlo do covid-19 e de outras infeções, colocam-me nos responsáveis.