Opinião: PS: a exigência de negociar
Não poderia, como é compreensível, deixar também eu, mortal, de fazer uma análise crítica aos resultados eleitorais. Resultados e, naturalmente, o devir!
O PS venceu…e bem! Fruto da enorme capacidade de António Costa – a vitória é sobretudo dele – mas também da aselhice militante de Rui Rio.
Não aceitar como boa a solicitação do CDS para um acordo, significou malbaratar milhares de votos e não ter mais deputados.
Rui Rio não quis um amigo de longa data e longas lutas a seu lado, e agora vai ter dois “inimigos” a disputar-lhe a liderança; IL e Chega!
Claro que a maior responsabilidade não será toda dele – razão tinha Pedro Santana Lopes quando se recusava a falar só em PSD, mas em PPD/PSD – porque quiseram transformar um partido liberal num partido social democrata.
Ora, o socialismo democrático e a social democracia já por cá andava e está representada pelo PS.
Mais ano menos ano iria sofrer um sério revés. Aconteceu este ano como poderia ter acontecido antes.
O povo português não votaria num partido político que esteve em guerra pela sucessão durante alguns meses. A forma como combateram internamente não augurava nada de bom.
E assim aconteceu com alguns dirigentes até então inimigos figadais que, no fim da campanha lá estavam a dar o abraço do urso.
Até no dia das eleições, Carlos Moedas que agora desapareceu, apareceu para lhe dar um abraço não sabendo ainda que o PS tinha vencido com maioria absoluta. Livra!!!!!
Tudo cheirava a esturro e de repente todas as estratégias ficaram sem efeito, e os protagonistas foram desaparecendo.
Quatro anos de governação do PS é muito tempo, talvez ainda mais, porque “candeia que vai à frente alumia duas vezes” e o PRR é uma determinante do êxito.
António Costa sabe que vai negociar à direita com o PSD para garantir a revisão constitucional e as reformas decisivas para o País, e com o PCP para garantir que as greves vão ser pontuais.
Aos outros, Costa vai ouvi-los como ouviria qualquer um de nós; “está bem, está bem, mas a coisa vai ser como eu quero”!
Costa vai deixar a Iniciativa liberal a falar sozinha com a sua ideia peregrina que tudo o que é liberal é bom – até havia um anúncio de uma qualquer marca, não sei mesmo se refrigerantes! – e com o Chega a dizer umas larachas sem sentido, porque não tem a mínima ideia do que quer para Portugal nem para si próprio!
A festa para o BE acabou, mantendo-se o Livre agora mais livre e o PAN mais xugadito e menos popularucho!
Realmente, o desaparecimento do CDS como partido histórico que teve fantásticos líderes cuja inteligência era reconhecida e estudada por todos, é algo que me preocupa. Apesar de se dizer não existirem insubstituíveis, o CDS é-o!
O PCP conseguiu com uma penada “aviar” os seus dois potenciais líderes no futuro, dado que Bernardino Soares já o tinha sido antes.
Foi estratégia para se manterem os ortodoxos no poder, ou foi incapacidade de análise do país em que vivem.
Falam em nome do Povo, mas o Povo não vota nele.
O vanguardismo já não existe.
João Oliveira e João Ferreira poderiam dar uma nova cor ao partido, mas alguém não autorizou!
Amanhã é outro dia e outro devir!