Chegou ao fim o processo de vacinação em massa de (quase) toda a população.
O sucesso profissional da equipa liderada por Gouveia e Melo é inegável, e reconhecido pela esmagadora maioria da população. Também eu acho que o Vice-Almirante teve um excelente desempenho nas suas funções de coordenação de uma enorme equipa multidisciplinar.
Achei curioso a forma excecional, quase heroica como Gouveia e Melo foi olhado pela população portuguesa. É um triste sinal de um País habituado à incompetência, inabilidade ou desleixo de muitas das chefias de Comissões, Instituições ou Órgãos Governamentais.
Gouveia e Melo teve um muito bom desempenho? Sim sem dúvida. Aquilo que fez foi excecional ou até heroico?? Não acho. Gouveia e Melo foi brioso e muito profissional no desempenho da missão que lhe foi incumbida. Nada mais.
Para Gouveia e Melo ser herói, então o país tem de prestar homenagens às centenas de milhares de cidadãos que diariamente nos seus postos de trabalho cumprem com rigor e zelo as tarefas que lhes estão destinadas.
É conhecido o provérbio “Em terra de cegos tem tem um olho é Rei” e Gouveia e Melo foi a visão que faltava para encontrar um caminho para o processo de vacinação. Depois da “cegueira completa” demonstrada pelo anterior coordenador da task-force, o aparecimento de alguém com a objetividade e determinação do Vice-Almirante foi uma lufada de ar fresco num país habituado às justificações de insucessos.
Gouveia e Melo demonstrou uma capacidade de liderança forte, revelou uma capacidade de planeamento e execução rigorosa e objetiva como é aliás apanágio das estruturas militares.
Tal como escrevi num outro texto, revelou que um militar vale mais e custa menos que muitos políticos. Soube também espalhar esperança, mesmo quando foi confrontado por movimentos negacionistas.
Mas se, Portugal é hoje uma referência mundial no processo de vacinação, tal significa que Gouveia e Melo foi mesmo excecional? Não creio. Muitos dos problemas com que nos deparamos em Portugal são transversais à maioria dos países. É este aliás um dos problemas do Mundo atual. As politicas mundiais sofrem de um problema de lideranças. “ A Liderança é o poder apaixonado de fazer a diferença” (John Maxwell), e temos visto que os grandes estadistas mundiais, as grandes referências do passado não deixaram herança.
Tenho um enorme orgulho no trabalho que Gouveia e Melo realizou, como tenho um enorme orgulho no trabalho dos milhares de Portugueses que diariamente se superam para fazer a diferença no seu sector de actividade.
Elevemos a fascia da exigencia ao nivel da excelência e facilmente vamos perceber quais são os bons cumpridores profissionais e detectar aqueles que não reunem os requisitos mínimos necessários para os lugares a que se propoem.
Faço minhas as palavras de Ayrton Sena: “Eu não tenho ídolos. Tenho admiração por trabalho, dedicação e competência”.