Opinião: Pensamento crítico
Há um pensamento forjado por um conjunto de estruturas que me fazem imaginar uma cadeia de comando, um poder subtil, uma transversalidade de favores, uma teia de encaminhamentos e de empregabilidade. Existem estruturas internacionais que se acantonam assim, fazendo uma sequência de relações que se fecha sobre uma intrincada multiplicação de capital. O BNI Business Network International que surgiu em 1985 nos Estados Unidos pela mão de um fabuloso “networking”, Ivan Misner que já escreveu dezenas de livros promovendo a roda compressora e sufocante da sua engrenagem, é apenas um exemplo. A ideia é referenciar de uns para outros num conceito “givers gain” que potenciando a teia potencia o retorno em valor. Isto aparece porquê? A ideia de fazer negócio é o motor da sociedade humana, o tecido social em que estamos a construir a sociedade. Aumentar o desejo, potenciar a oferta, desequilibrar a necessidade, reduzir importância e ética a valor moeda. Construímos pessoas que querem. Querem tudo. Querem sempre mais. Assim, a sociedade do desejo ilimitado sofre, tem ansiedade, tem obesidade, tem excesso, tem coletores, colecionistas, pessoas que nunca estão bem com aquilo que possuem. Neste mercado que é construído por pensadores brilhantes, há uma produção de estímulo directo aos olhos e aos prazeres. Agora precisamos dar o que eles viram e desejam e querem. As empresas produzem, as televisões e as redes sociais estimulam, os bancos oferecem dívida, e cobram juros, as pessoas empenham-se e pagam. Adoecer um pouco também é negócio. A hipertensão tem tratamentos, a obesidade tem inúmeras terapêuticas, a diabetes é maravilhosa para a indústria farmacêutica. A diabetes e o alcoolismo atacam quase todos os órgãos e para todos há um “fármaco” que alivia e reduz e permite voltar ao desejo. Precisas dinheiro? Temos um banco. Falas no banco que precisas de férias? Temos uma agência. A cavalgada da oferta facilita a brutalidade da roda do desejo. O BNI tem recursos humanos, tem transportes, tem cabeleireiros, tem financiadores, tem tudo o que o sôfrego carece.
A Europa em que existimos é também uma rede de construção de necessidades, que ganham nome de exigência, que se associam a palavras como eficiente, protector do ambiente, intervenção no curso natural das coisas e da vida. Exemplo dos textos europeus e do seu palavreado é https://europa.eu/youth/sites/default/files/12_ideas_for_the_future_of_europe.pdf
E em Portugal, de 2019,vale a pena conhecer esta peça de retórica que justifica a destruição da EDP em inúmeras companhias que no final nos custam mais do que pagávamos quando era só uma: https://www.edp.com/sites/default/files/2020-04/EDP%20Sustainability%20Report%202019.pdf
Estamos impelidos por um discurso e umas evidências que redundam sempre em preços mais altos e em mais empresas que se associam em rede e empregam milhões de pessoas que os partidos de algum modo controlam quando são donos do poder. Reparem neste exemplo da EDP que hoje tem a rede na REN, o arranjo da rede em outsourcings, o cliente noutra estrutura, os negócios noutro grupo. No final era tudo para ser mais eficiente mas o cliente perdeu porque paga mais, o consumo é assustador e agora até a energia para os carros está mais cara que a gasolina.