Opinião: Pedalar na neve
Que faz frio no Inverno já todos sabemos. Mas este Janeiro tem sido especialmente gelado, com as temperaturas a chegarem quase aos 10 graus negativos em Bruxelas. É aquele frio que, ou saímos bem enrolados em roupa apropriada, ou congelamos. Aquele frio em que agradecemos pelo teletrabalho e pelas casas bem aquecidas. O conselho ao sair à rua é deixar apenas os olhos e o nariz ao ar livre. Outra regra básica, especialmente em dias de chuva ou neve – não andar com as mãos nos bolsos – podem dar jeito em caso de algum escorregão. É nestes dias que mais admiro os ciclistas, que teimam em aumentar nas ruas da cidade.
Publicado na semana passada, o barómetro Acerta dá conta de que quase 40% dos trabalhadores belgas utiliza a bicicleta pelo menos numa parte do seu percurso para o emprego. Mesmo assim, o indestronável carro continua a dominar, mas a perder terreno para meios de transporte alternativos, de acordo com este estudo baseado em mais de 340 mil trabalhadores do país.
A verdade é que a mobilidade sustentável tem cada vez mais adeptos. As vantagens são evidentes para o bem-estar físico e mental, mas também para a carteira. Algumas entidades empregadoras facilitam mesmo duches e estacionamentos seguros para as bicicletas dos seus empregados, para além de haver mais incentivos estatais para quem se desloca ao trabalho nas duas rodas sem motor.
Confesso que a minha conversão para o ciclismo na cidade ainda não está perto de acontecer – há poucas vias cicláveis e o trânsito é caótico e perigoso, o que desmotiva a ciclista amadora que há em mim. Por outro lado, basta chegar aos extremos da cidade para vermos um cenário completamente diferente, com rotas unicamente para bicicletas, com boa manutenção e, muitas das vezes, por caminhos verdes e bonitos. No entanto, ainda preciso de mais uns anitos na Bélgica para me convencer a andar de bicicleta com tanto frio. Lá chegaremos!