Opinião: “Paz de Verão “
Esta é aquela altura do ano em que Bruxelas se parece com Coimbra, na sua devida escala. As filas de trânsito desaparecem para dar lugar a uma circulação fluída e os lugares de estacionamento parecem mais. Em Agosto, os expatriados voltam aos seus países de origem e os habitantes locais partem para o campo, praia ou destinos mais estivais.
No centro, na Grand Place, no Manneken Pis, restam alguns turistas que ainda vêm confiantes, apesar de surpreendidos pela chuva e pelas temperaturas inferiores a vinte graus. O Verão deste ano tem sido penoso, e o sol foi substituído por chuvas abundantes e frio. O abrigo das Galerias Reais Saint-Hubert, com as suas lojas de chapéus, rendas de Bruges e chocolates belgas, parece reunir mais simpatizantes – pelo menos aqui não chove.
Outras zonas da cidade parecem fantasma, ao abandono, em silêncio, tamanha é a desertificação durante o Verão. A pandemia e o trabalho remoto vieram ainda ajudar à partida dos imigrantes para os seus países de origem nesta época do ano. Havia quem já não fosse a “casa” há dois anos, devido às restrições impostas pela COVID19. Considerando que a maioria da imigração em Bruxelas é oriunda de países habitualmente quentes e banhados pelo mar, não admira que tenham optado por passar o verão fora (como eu)! Para os que ficam, ainda há lojas, cafés e restaurantes, mas o tempo e a pandemia não deixam usufruir das esplanadas.
O despertar da capital belga acontece mais para o fim do mês, com a proximidade do regresso às aulas, o retorno dos imigrantes ao trabalho presencial (as instituições europeias já estão a voltar a um regime híbrido de trabalho) e a retoma dos dias de trânsito caótico e a agitação do costume, que até já me deixa saudades.
Pode ler a opinião de Catarina Moleiro, que reside em Bruxelas, na Bélgica, na edição impressa e digital do DIÁRIO AS BEIRAS