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Opinião: O que fica do Ensino (Superior) Remoto de Emergência?

14 de outubro às 13h00
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Retomando o ano letivo, com os novos alunos presentes em sala e muita vontade de normalidade, deparamo-nos com a pergunta: o que faz sentido manter do que fizemos no último ano letivo e meio? Os alunos que agora recebemos no 1.º ano do Ensino Superior, na sua maioria, fizeram os primeiros exames nacionais do 11.º em contexto de pandemia e os de 12.º idem. Como nas notas de acesso ao Ensino Superior, as notas destes exames têm um peso elevado, podendo chegar aos 50%, eu diria que estes alunos são, possivelmente, os mais resilientes nesse aspeto, dos que nos chegaram nos últimos anos. Foram dos que mais vivenciaram este modelo que os afetou em 2 anos consecutivos de um percurso extremamente competitivo. Lidaram com tudo o que a transformação digital permitiu implementar em tempo record, mas também com a incerteza dos contextos de lecionação, avaliação, o confinamento e aulas exclusivamente a distância em meses que eram fundamentais nas suas decisões. Ingressaram 3 semanas mais tarde no Ensino Superior, no ano em que houve o maior número de sempre de candidatos, de vagas e o 2.º maior de colocados nos últimos 30 anos. E chegaram agora!
Também nós, professores, vivemos na incerteza do que seria o modelo deste ano letivo. Temos, habitualmente, vários planos em mente para que as estratégias resultem. As competências que hoje são destacadas, como sendo as das profissões do futuro (inovação, criatividade, capacidade de resolução de problemas, pensamento crítico, aprender novos temas…), já temos de as possuir para transmitirmos calma e diretrizes em contextos adversos.
O que esperam encontrar os alunos do 1.º ano, nas novas escolas que os acolhem? Não querem: ver aulas aos “quadradinhos”, internet instável, não conhecer os colegas nem os professores pessoalmente, ver mil apresentações em PowerPoint, emails e notificações de plataformas a toda a hora, exames com 2 câmaras, microfone. O que podemos manter do que aprendemos? As plataformas LMS (Learning Management System), como o MOODLE, de caráter interativo, com testes com feedback imediato, rentabilizando o tempo que investimos a construir n bases de dados de questões, aplicados a frequências/exames ou para os alunos autodiagnosticarem as suas competências. Vídeos de casos práticos e aulas pré-gravadas quando o professor está fora ou para o aluno preparar/rever a matéria. Manter os quizzes no Kahoot (ou outros) para percecionar as aprendizagens em algumas sessões ou no final de um tópico. Recolher opiniões via Mentimeter, garantindo igual possibilidade de participação e boa sistematização das respostas e, já agora, algum “quebra-gelo” em situações de timidez nas primeiras aulas. Estabelecer o bom hábito de seminários presenciais com link para a sessão online e passar para online as reuniões rápidas, evitando deslocações e custos desnecessários.
Resumindo: os novos alunos que agora chegam ao Ensino Superior querem fazer o que lhes permitir ter uma vida normal, conhecer pessoas, garantir networking e este é espaço ideal para tal. Querem ter a certeza que os estamos a guiar nesse sentido. Yes, we can do that! Sejam bem-vindos! Nunca a frase “estávamos ansiosos por ver a Escola cheia” fez tanto sentido!

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