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Opinião: Moeda digital e valor intergeracional

28 de abril às 11h26
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Em 1944, ainda durante a segunda guerra mundial, o país adotava uma posição neutral em termos globais, e, sem surpresa aceitou os acordos de Breton Woods que vieram a colocar o dólar como reserva mundial por excelência. Já em 1971, o ano do “choque de Nixon”, ao desligar o dólar da necessidade de equivalentes em reservas de ouro, Portugal entrava numa década em que as prioridades foram essencialmente a luta pela democracia, e a necessidade imperiosa de fortificar as regras e instituições que haveriam de consolidar o seu regime democrático.
Importa registar que, durante todo o século XX, para além da noção de capitalismo industrial emergiu um capitalismo monetário e financeiro que, quer se queira quer não, impacta decisivamente sobre os modos de pensar o trabalho e os quotidianos das pessoas, das empresas e das instituições.
Nas últimas três décadas porém, a Sociedade Digital avança inexoravelmente sobre todos os domínios da vida em sociedade desde a política, economia, tecnologia, ecologia e fazendo eclodir de um modo quase “natural” um olhar diferente sobre os objetos, o modo como valorizamos as coisas e as relações entre elas.
O “modus operandi” digital cria objetos virtuais ( sem existência física ) realçando a necessidade de representação de ativos digitais através de novas formas e possibilidades de troca, de reserva de valor e de unidade de conta, afinal as caraterísticas essenciais de uma moeda.
Acresce que, o modo de operar sobre ativos digitais, produzidos, transportados e entregues sob a forma de bits digitais, e não somente por átomos ou coisas físicas, determina agora a necessidade de atuação em ciberespaços tridimensionais (Metaverso), através de novos modelos organizacionais como as OADs (Organizações Autónomas Descentralizadas), gerando cenários financeiros e tecnológicos ( fintech e DeFi – Decentralized Finance ) com utilização crescente de “tokens” representativos de valor, como “moedas criptográficas” de primeira camada das redes Blockchain (Bitcoin, Ethereum ou Luna), as emergentes moedas digitais dos bancos centrais ( CBDC – Central Bank Digital Currency ) e atuação em paralelo com moedas estáveis (stablecoins) que funcionam em transição e ligam a esfera fiduciária com as infraestruturas criptográficas.
Os cenários de mudança para a utilização e utilidade de ciberespaços tridimensionais, modelos organizativos descentralizados, finanças tecnológicas de tempo quase-real, e a “tokenização” de ativos do mundo real, promovem atmosferas de elevada intensidade criativa e a transmissão de novos valores intergeracionais para os quais é necessário estimular e capacitar as pessoas, empresas e instituições.

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