Opinião: Mestrados ou certificações?
Nesta fase de final de ano letivo para quem está prestes a entrar no mercado de trabalho, esta pergunta é frequente: “faço um mestrado, um curso de pós-graduação ou começo a trabalhar, ganho experiência e faço uma certificação a seguir?”, “O que é que as empresas valorizam mais?”. São 2 excelentes questões. Há nuances adicionais na escolha de um mestrado: em que área? Mestrado de continuidade? Mestrado noutra escola? Os mestrados são, hoje, uma oferta extremamente importante das Instituições de Ensino Superior (IES) e representam um investimento relevante do estudante ou da sua família. Todavia, não se deve “atirar de cabeça” para um Mestrado, sem ponderar bem a área de especialização que gostaria de seguir, o que procura o mercado de trabalho na sua área, que parcerias com empresas e entidades tem a IES que está a escolher, que oportunidades de networking terá? Em que áreas investigam e se especializaram os docentes que lhe irão dar aulas? Que diferenças existem entre as licenciaturas de uma IES e os seus mestrados?
Nos cursos relacionados com Sistemas e Tecnologias de Informação, o número de mestrados é bastante inferior ao de outras áreas. Já no que respeita a Análise de Dados, houve, na última década, um crescimento exponencial: Davemport vaticinou, em 2012, que ser Cientista de Dados seria a profissão mais sexy do mundo (Harvard Business Review, 2012 ) e as decisões orientadas por dados necessitam de um grande investimento de diversas áreas nas organizações para que essa cultura “data-driven” seja um alicerce da cultura empresarial, portanto, mais formação especializada é necessária. Foram criados muitos novos mestrados nesta área, os quais esgotam facilmente e com grandes listas de espera. Todavia, nas restantes áreas de tecnologia, o cenário é bem diferente: as oportunidades em termos de emprego, apenas com licenciatura, são imensas e as empresa concorrem (ainda!) fanaticamente pelos melhores talentos. Ainda assim, o que cada um faz com o que aprendeu, numa mesma sala de 40 estudantes, pode traduzir-se em 40 percursos completamente distintos: o que fazemos com “a mão de cartas que nos calhou” é uma opção nossa, muito influenciada por fatores como experiências anteriores, autoconfiança, espírito de sacrifício ou resiliência. O que digo sempre é: “façam um mestrado ou uma PG: nunca, ninguém vos vai “despromover” desse conhecimento adquirido e é muito mais fácil concluir um mestrado quando temos 22 ou 23 anos do que mais tarde”. Caso invista em saber mais, numa fase precoce da sua vida, o que vai construir “em cima” disso durará e servir-lhe-á durante décadas, se nunca perder esse espírito. Uma certificação é fundamental para o comparar com outros profissionais, particularmente em carreiras internacionais, onde é muito valorizada. Porém, não faz sentido começar por uma certificação sem qualquer experiência, para além de que nem sequer é possível em determinadas áreas. O número de cursos online com certificado, não tendo, na maioria dos casos, o mesmo valor de outras certificações, acrescenta sempre valor ao seu perfil, quando se comparam candidatos. Qualquer que seja a opção: a aposta que fizer em si é sempre ganha.
Pode ler a opinião na edição impressa e digital do DIÁRIO AS BEIRAS