Opinião: “Leuven e Louvain- -La-Neuve”
Numa época em que cada vez mais universidades se juntam em alianças de Universidades Europeias é curioso recordar o passado recente da cisão que gerou duas das mais importantes instituições de ensino superior belgas: a Católica de Leuven e a Católica de Louvain.
Fundada em 1425, a Universidade foi outrora uma só, localizada na cidade flamenga de Leuven (Lovaina), também ela vítima das tensões linguísticas que dividem o país. Por muito tempo, os nacionalistas flamengos exigiram o fecho da secção de língua francesa.
Durante a década de 60 a crise subiu de tom, e em 1967 trinta mil pessoas marcharam pelas ruas de Antuérpia para exigir a saída de estudantes e professores francófonos de Leuven, pelo “direito à terra” e pelo “unilinguismo regional”. Desde então os estudantes marchavam regularmente nas ruas da cidade, entoando slogans hostis aos que falavam francês.
Finalmente, em 1968 separam-se as duas secções de língua francesa e neerlandesa, tornando-se em duas universidades distintas. Assim nasceu a cidade de Louvain-La-Neuve, criada de raíz numa área de aproximadamente 900 hectares, para albergar a universidade francófona.
A cidade, construída na década de 70, é um caso de estudo de arquitectura e urbanismo: um centro à escala humana, exclusivo a pedestres, onde todas as categorias sócio-profissionais devem coexistir (e não apenas as relacionadas com a universidade). O centro de Louvain-La-Neuve é totalmente pedonal, havendo um grande espaço de estacionamento (subterrâneo e nas entradas da cidade) e uma boa ligação ferroviária às principais cidades do país.
A universidade, virada para a investigação e a formação interdisciplinar, acolhe também na sua vizinhança empresas que se dedicam à investigação aplicada ou tecnologia de ponta, num parque científico que assegura também algumas centenas de empregos.
Actualmente, ambas as instituições mantêm cordiais relações, com várias parcerias em investigação e mobilidade.
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