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Opinião: Lembra-se?

11 de junho às 12h30
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Foi a 2 de março de 2020 que se registou em Portugal o primeiro caso positivo de Covid-19. Lembra-se? Na altura mal suspeitávamos do que estaria para vir. A China tentou segurar com as duas mãos a informação da origem do surto. Ecos longínquos davam conta de que o primeiro episódio de contágio tinha ocorrido no seu país, ainda em dezembro de 2019, em Wuhan. Presume-se, predominantemente, que a proveniência do vírus seja zoonótica. Contudo, há também quem tema que o vírus possa ter sido criado em laboratório. Creio que ainda é cedo para haver uma resposta taxativa. A história, para já, mantém as duas versões. Talvez as mantenha para sempre.
À data em que escrevo este artigo, quinta-feira, dez de junho de 2021, quase 174 milhões de casos foram confirmados em 192 países e territórios. Cerca de 3,75 milhões de mortes foram atribuídas à doença, convertendo-a numa das pandemias mais mortais da história. Todos conhecemos alguém que sucumbiu. Fechámo-nos em casa. Lembra-se? As notícias eram alarmantes. Eram sempre alarmantes. Alarmantemente alarmantes. Não havia ventiladores que chegassem e, quando as primeiras encomendas aterraram no aeroporto, receberam honras de Estado. Lembra-se? Esvaziámos prateleiras de supermercado. Foi uma corrida às latas de conserva e aos rolos de papel-higiénico. Como se não houvesse amanhã. Lembra-se?
Estar a menos de dois metros de alguém, ou tocar numa qualquer superfície, era um ato de risco máximo. Ainda hoje é. Temos sido salvos pelos profissionais de saúde. E pelos medicamentos que inibem o vírus. Passámos a usar máscara. A desinfetar as mãos com álcool-gel. As crianças ficaram em casa sem escola. Depois veio a “tele-escola”. E o teletrabalho para os adultos. Esgotámos o stock de aparelhos eletrónicos. As empresas de acrílicos passaram a fabricar divisórias para os postos de atendimento. Fomos criando regras. Acho que pouca gente imaginará o inferno por que têm passado os decisores políticos obrigados a lidar com a pandemia. Da minha parte fica o meu muito obrigado!
Felizmente há Portugal. Felizmente há Europa. Felizmente há organizações mundiais. Não sei o que seria da humanidade se as instituições não funcionassem. Se a ciência não criasse vacinas. Se não houvesse um esforço financeiro e logístico para as fazer chegar a todo o mundo. Infelizmente nem todos têm acesso a elas. Tudo o que se tem feito será sempre insuficiente. Mas é preciso dizê-lo: entre nós, a vacinação está a correr bem. Portugal tem sido exemplar a lidar contra este monstro de várias faces. Não quero pensar no que seria de nós sem o Portugal que somos!
Praticamente quatro milhões de portugueses já tomaram a primeira dose. Mais de dois milhões já têm a vacinação completa. Escalões etários mais baixos já podem fazer o seu agendamento. Os Centos de Saúde funcionam! O SNS funciona! Se aqui estamos para contar a história – seja para criticar ou para elogiar – devemo-lo a um Portugal que funciona!
Aos poucos temos vencido o medo. Talvez seja cedo para cantar vitória. Há de haver ainda altos e baixos. Não podemos descuidar-nos. Mas sabemos que estamos todos mais protegidos e que nos aproximamos da normalidade. Da nova normalidade.
Muitos de nós ficaram para trás. É preciso ir lá buscá-los. O melhor ato de gratidão é o empenho na solidariedade. A melhor gentileza é aquela que pode mudar a vida de outrem. A fraternidade mais pura reside em acabarmos de vez com o culto do “eu”, aproximando-nos dos outros, dando-lhes o abraço que falta.

 

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