Opinião: Euro Digital e Criptoativos : oportunidades, desafios e ameaças
Em “The Future Is Faster Than You Think” , Peter Diamandis e Steven Kotler refletem sobre os grandes desafios da humanidade como a pobreza, a fome e a energia ao mesmo tempo que elaboram sobre as ondas de aceleração da inovação tecnológica com impacto nos quotidianos das pessoas e da sociedade em geral. De entre as possibilidades abertas pela “Softwarização” das Infraestruturas de suporte às atividades empresariais e institucionais / governamentais emergem as NTD, as (N)ovas (T)ecnologias do (D)inheiro.
Em boa verdade, a desmaterialização de processos e tarefas através da Digitalização cria as condições necessárias e suficientes para a emergência do DP – (D)inheiro (P)rogramável através das CBDC (Central Bank Digital Currencies), as moedas estatais digitais dos bancos centrais; os Criptoativos de onde emergem moedas criptográficas e “tokens”; as “Stablecoins”, ativos monetários criados por mecanismos de estabilidade indexados a moedas fiat / fiduciárias ; e todo um conjunto de oportunidades e desafios relacionados com o futuro do dinheiro e dos pagamentos em modo global e descentralizado sobre redes DLT – Blockchain.
Por enquanto, Portugal é um paradoxo na forma como endereça as Novas Tecnologias do Dinheiro. Efetivamente, ao mesmo tempo que aparece como um “Paraíso Cripto”, manifesta simultaneamente um débil ecossistema na forma de Cripto Analfabetismo, através de uma pequena legião de aproximadamente duzentos mil efetivos, (pessoas inscritas em Corretoras Internacionais), sendo que, destas, cerca de cem mil mantêm atividade sobre as possibilidades que se abrem pela introdução das NTD – Novas Tecnologias do Dinheiro. A recente certificação pelo Banco de Portugal de três entidades nacionais para operar sobre Ativos Virtuais : Criptoloja, “Mind The Coin” e “Lusa Digital Assets”, abre expetativas sobre a possibilidade do país atingir uma massa crítica suficiente para conduzir as pessoas para os domínios da literacia financeira onde se encontram os métodos de processamento e interação com o Sistema Financeiro Emergente.
Perceber as Tecnologias do Dinheiro Emergente e a sua relação com o sistema tradicional / incumbente é determinante para o alinhamento das industrias 4.0, do comércio eletrónico e dos serviços físicos e virtuais ( automáticos e autónomos ) que constituem a sociedade transindustrial e transcomercial do século XXI.
No momento atual, as Novas Tecnologias do Dinheiro, tanto na forma de Euro Digital como de Criptoativos, abrem oportunidades para atividades nómadas digitais, cidades inteligentes de valor programável, “Smart Campus” com laboratórios financiados em função da performance científica e dos entregáveis à sociedade, e um sem número de possibilidades na Economia Criativa e Generativa como os Metaversos em ambientes digitais 3D com uma economia de jogo e “moeda” própria. No processo, é necessário preparar o desafio da transformação gradual do conhecimento “cristalizado” em Aprendizagens Adaptativas, por forma a uma efetiva gestão dos limiares de Ameaça à privacidade, segurança e proteção de dados.