diario as beiras
CoimbraGeral

Opinião: E-Yuan, a moeda digital chinesa

26 de novembro às 14h25
0 comentário(s)

O projeto de criação de uma moeda digital, que a China tem vindo a desenvolver desde 2014, já se encontra em ensaios em algumas das maiores cidades do continente, confirmando, também nesta área, a sua liderança mundial.
Sob a égide do Banco Popular da China, o yuan digital tem por escopo acelerar o processo de digitalização de parte do dinheiro físico, num mercado onde os pagamentos sem numerário já constituem o quotidiano de grande parte da população.
Em termos comparativos, para além de simples e facilmente utilizável, o dinheiro digital é barato, uma vez que não comporta os elevados custos de produção e armazenamento das notas e moedas, é mais difícil de falsificar e menos utilizável para fins ilícitos, por força do chamado “anonimato controlável”, onde os pagamentos, apesar de anónimos se encontram ligados a instrumentos de análise de dados que poderão constituir uma grande ajuda na identificação de atividades ilegais.
Outro dos argumentos a favor do yuan digital prende-se com a redução de um eventual risco sistémico mediante o aumento da concorrência na área, designadamente bancos comerciais ou novas empresas de pagamentos. Na verdade, o sistema de pagamentos digitais atualmente vigente na China é todo ele controlado pelos conhecidos grupos privados Alipay e WeChat Pay, os quais, na eventualidade de uma muito improvável falência, poderiam fazer balançar todo o sistema.
Como distribuir e gastar esta moeda é outra questão pertinente. É objetivo do Banco Central repartir yuans digitais pelos bancos comerciais, os quais se encarregarão de os fazer chegar às mãos dos consumidores que poderão trocar o seu dinheiro físico pelo digital.
Importa ressalvar que o yuan digital nada tem a ver com as conhecidas cripto moedas, as quais são desenvolvidas por uma tecnologia blockshain, sem controlo de qualquer autoridade central, contrariamente ao yuan que muito embora não se saiba, ainda, a técnica que utilizará, é certo que será emitido pelo Banco Central da China, ficando este, igualmente, responsável pelo anonimato controlável, designação que tem vindo a levantar sérias preocupações no que ao aumento de vigilância sobre os cidadãos, diz respeito.
Pese embora, a China tenha já lançado bases para que o yuan digital seja utilizado em transações transfronteiriças, juntando-se aos bancos centrais da Tailândia, Emirados Árabes Unidos e Hong Kong nesse sentido, a prioridade neste momento é fazer do yuan digital o principal meio de pagamentos no poderoso mercado interno chinês e depois sim, promover a sua internacionalização, desafiando desta forma o estatuto dominante do vetusto Dólar Americano.

Autoria de:

Deixe o seu Comentário

O seu email não vai ser publicado. Os requisitos obrigatórios estão identificados com (*).


Últimas

Coimbra

Geral