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Opinião: E dos russos, ninguém fala?..

07 de março às 11h20
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Há por vezes sinais preocupantes, que confundem o povo russo e instituições daquele país com o autocrata que os dirige. Isso é perigoso!
Sobretudo, quando a nossa maior esperança para acabar com esta guerra infame – se não mesmo a única! – reside na capacidade mobilizadora do próprio povo russo para apear a respetiva liderança política.
Uma carta-aberta de 17.000 trabalhadores do setor cultural russo contra a guerra é um dos muitos exemplos que começam a emergir da sociedade civil. Acrescem as manifestações diárias das quais estão a resultar milhares de prisões. Note-se que a Duma aprovou alterações legislativas para agravar as penas dos que se manifestam pela paz e contra as orientações “putinescas”. Ou seja, os russos que discordam desta invasão correm sérios riscos de pagar com a perda de liberdade.
Mas olhando para as poucas alternativas restantes: um agudizar da guerra, alastrando a outros países com a intervenção forçada da NATO; o aceitar das inaceitáveis condições de Putin para por termo à invasão; fica ainda mais claro que dependemos em grande medida do sucesso da oposição russa e do empenhamento dos cidadãos russos para tomarem de novo em mãos os respetivos destinos.
Sabia que 46,7% do carvão, 41,1% do gás e 26,9% do petróleo consumido na UE provêm da Rússia? E que a maior parte das exportações russas são combustíveis fósseis ( 240 mil milhões de dólares), sendo que mais de metade dos quais vêm para a UE? Ou seja, a nossa dependência energética face à Rússia justifica algumas das limitações táticas e será necessário muito tempo para afirmar a autonomia alternativa. Logo, perante tal cenário, confirma-se mais ainda o quão relevante é a disponibilidade da sociedade civil russa e dos movimentos políticos opositores a Putin para forçar o fim desta invasão, seja por que via for.
Temos ouvido – justificadamente! – falar muito da nobreza e coragem do povo ucraniano, valeria a pena começarmos a acreditar nas mesmas características do povo russo – de que há na história exemplos – como única via de saída para este inominável conflito

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