Opinião: Digitalização e transformação digital nas empresas

Muito embora o processo de transformação digital tenha início e fim, as suas competências são dinâmicas, sendo, por isso, avaliadas continuamente. Se uma empresa tradicional implantar uma estratégia de transformação digital, convertendo todo o seu modelo de negócios em digital, mas se não acompanhar nem se adaptar às novas tecnologias digitais que surgirem, será digitalmente retardatária ao longo dos anos, e assim, no decorrer do tempo, não desenvolverá produtos centrados no cliente. Neste caso, expressa-se a situação dizendo que a empresa implantou um processo de transformação digital ineficiente: ou seja, adaptou-se momentaneamente às novas tecnologias digitais, mas não criou uma plataforma interna de capacidades autossustentada e, neste sentido, alcançou os clientes da era digital apenas de forma passageira. Por sua vez, a maturidade digital, reflete-se na competência da empresa para se adaptar às constantes mudanças do ambiente de mercado digital. Quanto maior for essa capacidade de adaptação mais madura digitalmente será considerada a empresa. Desta forma, um processo bem-sucedido de transformação digital alavanca a habilidade da organização para se adaptar às mudanças tecnológicas que inevitavelmente irão acontecer com o decorrer do tempo.
A digitalização está orientada para a transformação dos dados. A digitalização é um processo de transformar processos analógicos e objetos físicos em digitais. Esta técnica permite o armazenamento em nuvem, o que elimina imediatamente a necessidade de arquivos e espaços físicos, implicando este processo, de imediato, uma redução dos custos da empresa, ou seja, todos os documentos, textos e outras informações que se encontravam offline, isto é, corporizados em papel, são completamente digitalizados graças às tecnologias digitais. A sociedade caminha inexoravelmente para um futuro cada vez mais digitalizado e fatalmente todas as empresas vão ter interesse em acompanhar, mais cedo ou mais tarde, este movimento. A digitização implica uma camada de alterações mais profunda, dado que a empresa abdica das suas estruturas para atuar numa plataforma online. É um processo ao qual a empresa recorre para ganhar vantagem competitiva relativamente aos seus concorrentes mais próximos e diretos, apoiada na redução de custos, pela potencial inovação que provoca a alteração dos processos de negócios.
A transformação digital apoia-se em dados, mas transcende-os ao colocar os recursos tecnológicos no centro da organização, bem como uso de ferramentas e metodologias de análise de dados, tais como, o big data, business intelligence e a analítica de negócios, entre outros. Todo este conjunto de dados é minuciosamente tratado, para que, através dele, a organização aumente o seu desempenho e a geração de valor para o cliente, (customer-centric) ou para o cidadão (human centric).
A transformação digital aproveita a tecnologia para acelerar a automação do processo de tomada de decisões e de execução com base em inteligência artificial estreita: matching learning, deep learning, algoritmos ou robôs, tendo como objetivo tornar os processos das empresas mais dinâmicos e adaptáveis ao mercado em que se move de uma forma acelerada. Obviamente, para haver transformação digital é indispensável e necessário iniciar um processo de digitalização.
A problemática da transformação digital abrange os modelos de negócio e os seus processos, mas o seu entendimento não é circunscrito a uma mera aplicação das tecnologias digitais. A transformação digital nunca é consequência de tecnologia, mas resultante da tentativa de resolução de um problema ou de uma nova maneira de abordar estrategicamente um cliente. A solução centrada no cliente é sempre o início da transformação digital, não é a tecnologia. A definição inglesa do Google, considera que “a transformação digital é uma transformação profunda e acelerada das atividades, processos, competências e dos modelos empresariais para potenciar plenamente as mudanças e oportunidades das tecnologias digitais e o seu impacto em toda a sociedade de uma forma estratégica e prioritária”. Ser digital é diferente: é genético, por natureza, que cada geração seja mais digital do que a que a precede, como recorda Nicholas Negroponte ( 1995 ).