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Opinião: “Abraço de gerações”

17 de setembro às 11 h51
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Coimbra continua a fazer jus à designação de “Cidade dos Estudantes”, já que estes ainda são quase um terço dos habitantes.
Daí que seja bem evidente o início de mais um ano lectivo, com alegres grupos de jovens a animar as ruas, as praças, os cafés, as esplanadas…

Em contraste com esta alegria juvenil, deve registar-se, com preocupação, o facto de terem ficado por preencher muitas das vagas disponibilizadas pelas diversas Faculdades e pelas escolas do Instituto Politécnico.

Um fenómeno que se registou em todo o País, de tal modo que desde 2016 não era tão baixo o número de estudantes a ingressar no ensino superior.

Uma das causas pode ser o chamado “Inverno demográfico”, com uma baixa taxa de natalidade, nos últimos anos, a provocar um acentuado decréscimo da população jovem.

Mas a verdade é que há outros factores na origem deste fenómeno, fazendo com que até muitos dos candidatos colocados nas duas fases já concluídas, acabassem por não concretizar a respectiva matrícula.

Em boa parte destes casos, é a debilidade financeira das famílias a não conseguir suportar as despesas inerentes à frequência do ensino superior.

Porque, para além das propinas, dos livros e de material escolar diverso, das viagens, há outros custos, obrigatórios para os estudantes. Desde logo a alimentação – embora seja um aspecto em que as várias cantinas dos Serviços Sociais constituem excelente apoio, proporcionando refeições variadas e a baixo preço.

Coisa bem diferente sucede com o alojamento.

As residências estudantis ligadas às escolas são escassas e têm um número de camas muitíssimo inferior às necessidades.
Tal como as tradicionais “Repúblicas” coimbrãs, pois embora estas alberguem, no seu conjunto, algumas dezenas de estudantes, não conseguem dar resposta às muitas solicitações de ingresso que recebem.

Até há alguns anos, o mercado de arrendamento era a alternativa, e muitas famílias de Coimbra anunciavam quartos nas suas residências, a preços relativamente acessíveis.

Mas com o substancial aumento das vagas turísticas e a correspondente “explosão” dos AL (“Alojamento Local”), a oferta disponível para estudantes escasseia e os preços dispararam – quer se trate de apartamentos, quer seja um modesto quarto em casa particular.

Assim, diversas famílias não conseguem enfrentar tamanha despesa, pelo que muitos jovens se vêem impedidos de prosseguir os estudos – para desgosto dos próprios, mas também com grave prejuízo para o País, que assim fica privado de futuros profissionais competentes em diversos sectores de actividade.

Contudo, para alguns desses jovens pode haver uma alternativa, num programa designado por “Abraço de Gerações”, a que já aqui aludi em anos anteriores.

Trata-se de uma iniciativa conjunta da ACERSI (Associação das Cozinhas Económicas Rainha Santa Isabel), da AAC (Associação Académica de Coimbra) e da AAEC (Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra).

O objectivo é que pessoas com mais de 65 anos, sobretudo as que vivem sós, cedam um quarto de suas casas a jovens estudantes, a troco de companhia e de pequenos serviços (como, por exemplo, ir às compras, acompanhar ao médico, ir ao correio).

Os estudantes têm, assim, a possibilidade de conseguir alojamento que lhes permita continuar os estudos, ao mesmo tempo que estão a desempenhar um papel solidário, que enriquecerá a sua formação humanista.

Quanto aos seniores, é uma oportunidade para obterem apoio e companhia, ao mesmo tempo que estão a ajudar jovens a prosseguir os estudos.

Refira-se que quer os seniores, quer os jovens interessados em aderir a este projecto devem inscrever-se, ligando para o telemóvel n.º 969372028, havendo depois um trabalho de selecção e esclarecimento a cargo de psicólogos.
Já há vários casos de integração bem sucedida, esperando-se que muitos mais se disponham a dar este solidário e exemplar “abraço de gerações”.

 

Autoria de:

Redação Diário As Beiras

1 Comentário

  1. Maria Helena Teixeira diz:

    A ideia é excelente e já praticada em alguns países, mas difícil de concretizar, para quem, como eu, que tenho essa disponibilidade, vive fora do “centrão”

Responder a Maria Helena Teixeira Cancelar resposta

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