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Opinião: À Mesa com Portugal–Azeite

19 de janeiro às 12h55
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Julgo que precisamos refletir a utilização do azeite na nossa vida. A procura desenfreada, a subida do preço, a venda de produto com misturas, diz-nos que precisamos refletir sobre um consumo sensato que deve exigir uma produção equilibrada. Não podemos usar azeite como se ele brotasse de uma fonte inesgotável. Não funciona assim.
O olival sempre foi o resultado de uma estratégia equilibrada da apropriação da paisagem. Nas terras de regadio eram colocadas as culturas que necessitavam de água e, longe dos cursos de água, ficavam a vinha, o olival e alguns cereais ou leguminosas de sequeiro. Sabemos que, mesmo em alguns locais onde se promoveu a plantação de olival tendo em vista uma produção otimizada, o mesmo foi colocado em regime de sequeiro aproveitando terrenos cujo aproveitamento agrícola seria reduzido para outras culturas.
Contudo, o que se assiste, atualmente, pelo Sul e, infelizmente, também já pelo Centro e Norte, é a prática da plantação de oliveiras sem qualquer espaço entre elas e cujo crescimento rápido se fica a dever a uma utilização intensiva de recursos, do solo e de água. Péssimo em todos os aspetos.
Exatamente por causa disso, seria útil que aprendêssemos um bocadinho mais sobre azeites. Seria importante que os consumidores soubessem provar, percebessem o que estão a consumir, entendessem as diferenças entre os vários azeites que temos. Também, julgo ser importante que as embalagens fossem acompanhadas de informação que indicasse o modo de produção, tradicional ou intensivo, para que a escolha fosse consciente. Ainda, seria útil que a comunidade científica se pronunciasse sobre as qualidades químicas e organoléticas de uns e de outros. Assim, seria possível escolher, não às cegas, mas com uma leitura apropriada do que é a produção e consumo do azeite.
O azeite é uma bênção, mas deixará de ser útil no dia em que o tomarmos como absoluto. Sei que é mais fácil pensar que sim, até porque o discurso empurra-nos para esse caminho. Contudo, nessa altura estaremos a obedecer a pensamentos institucionais e menos à necessária adaptação que sempre acontece na evolução das sociedades.

Pode ler a opinião na edição impressa e digital do DIÁRIO AS BEIRAS

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