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Opinião: A maldade das coisas políticas …

14 de novembro às 12 h19
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O jornalismo profissional exige transparência e imparcialidade e a visão própria de cada notícia que transmite não pode transformar-se num facto humorístico, por ridículo quando não fictício, mas que se torna convincente como verdadeiro. Tenho todo o respeito pela classe de jornalistas do meu País, admiro bastante alguns, mas não posso deixar de lamentar que os momentos de turbulência política que estamos a atravessar se estejam a tornar um isco para onde variados comentadores (e nunca houve tantos “comentadores” nos meios de comunicação social …) desviam o tema em debate com discussões inúteis, quando não contendo insultos a colegas, apenas para assim levarem “a água para os seus moinhos” privados.
Há cerca de dois dias, um político respeitável do Partido Socialista respondia ao jornalista que moderava aquele debate com outros comentadores que só continuava no Programa porque tinha sido convidado, porque, se estivesse em sua casa naquele momento, teria mudado imediatamente de Canal!… A indignação já chega a este ponto!…
Há dias, perto da hora de almoço, também assistimos à interrupção da transmissão de um assunto politicamente relevante, a ser emitido do Palácio de S. Bento, para passarem a ser comentadas as eleições que estavam a decorrer para a direcção de uma determinada equipa de futebol!… Ao que chegamos!…
Mas não é só o jornalismo que não filtra devidamente as suas notícias (note-se que filtrar não é censura… mas ter o cuidado de deixar passar apenas a verdade). São os próprios políticos, Governo e Oposições, que contribuem para tal.
Escolhi focar-me em três temas que se tornaram “chavões” nas notícias diárias: Eleições Autárquicas (que já aconteceram), Eleições Presidenciais (que se aproximam) e SNS versus demissão da Ministra da Saúde.
Começando pelo primeiro: Houve eleições autárquicas para todos os gostos e conveniências e, algumas delas, para Câmaras “sem maioria”. E depois? Porque é que tem uma deputada de questionar o Primeiro Ministro, Luís Montenegro, sobre as alianças que nessa Câmara se fizeram com o Chega? Estou a referir-me à Câmara de Sintra. As eleições autárquicas caracterizam-se por serem eleições do governo local (Câmara Municipal, Assembleia Municipal e Assembleia de Freguesia). Que cada população conhece melhor os habitantes das suas terras, o seu esforço e as capacidades de cada um, isso é incontestável. Desta forma, serão de estranhar coligações de várias tendências desde que a convergência tenha como fulcro os interesses dos concidadãos nos melhoramentos da sua terra ou da cidade em que vivem?! Por isso, também no Porto, Pedro Duarte fez algo de semelhante, mas optando por um gesto contrário ao de Sintra ao convidar Jorge Sobrado, eleito pelo PS, para assumir o pelouro da Cultura, apenas porque reconheceu neste Homem a maior competência para exercer tal pasta. Então, porque é que Pizarro, colega de partido de Jorge Sobrado, surgiu logo a criticar?! É esta perda inútil de tempo, de ideias estéreis e de política de um tamanho muito pequenino que eu considero serem golpes sujos na Democracia. Não tenhamos dúvida que não pode haver fronteiras partidárias quando o bem local está em causa. O poder local é um terreno onde a disciplina partidária acaba porque deve ceder às necessidades de cada autarquia.
Vou referir-me agora a um segundo tema: Eleições Presidenciais e começo por referir que já ouvi um dos candidatos a dizer que tem a sensação de estar a concorrer a mais umas eleições legislativas, e que não gostaria de ver na Presidência “nenhum cavalo de Tróia dos partidos”. Entretanto, há polémicas e confusões entre um dos candidatos e o Presidente da República àcerca do que este terá dito ou não dito. Pelo meio, surge Marques Mendes, a quem Gouveia e Melo atribui ter uma fixação sobre a sua pessoa que, por sua vez, faz entrar neste baile o ex-Presidente Cavaco Silva afirmando ser protector de Marques Mendes e ter também fixação sobre o próprio Gouveia e Melo. Eu paro, olho para isto tudo e vejo o confronto com a tal verdade e ficção a que me referi atrás e a que muitas vezes o jornalismo nos transporta … e pergunto-me: mas eu estou num País a sério ou num concerto de música pimba?!
Para finalizar, o SNS enfrenta desafios muito significativos, não apenas em termos de financiamento e recursos humanos, mas é um problema complexo, um problema que nos preocupa a todos porque cada vez mais grave … mas um problema que já vem de longe.
Perante isto, a solução encontrada pelos políticos e pela comunicação social está a ser um “cartaz de notícias” que diz sempre o mesmo sem apresentar e discutir soluções, que repetitivamente fala nas maternidades encerradas hoje ou no próximo fim-de-semana, pede a demissão da Ministra, ou faz nascer crianças todos os dias nas ambulâncias, nos táxis ou na rua!… Bem sei que é difícil, que é um problema grave e muito difícil de resolver satisfatoriamente. Mas tem de ter solução e, então, porque não se esquecem os “preconceitos partidários”, porque não se partilham as discussões do problema e se procuram as soluções, num conjunto de opiniões e forças que deixem para trás os “pruridos” dos seus umbigos?!…
Infelizmente, contrariando o que acabei de dizer, temos agora, e digo-o por ironia, “a cereja em cima do bolo”: A CGTP e a UGT unem-se numa greve geral!… Repare-se, não é uma manifestação conjunta, é uma greve conjunta!…
Como um dia citou Albert Einstein, “o mundo não está ameaçado pelas pessoas más, mas sim por aquelas que permitem a maldade”.

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