Poderia estar nesta hora a escrever sobre o Carnaval, sobre a importância do mesmo para a economia do país, sobre o impacto da alteração da data dos desfiles das escolas de samba, sobre como os brasileiros driblam as restrições impostas pela pandemia para se divertirem em festas privadas. Infelizmente, a criticidade da situação a que assistimos na Ucrânia não me permite. As imagens, os vídeos e os testemunhos que recebemos a cada instante, a expectativa de boas notícias provenientes do Leste Europeu, nos deixa completamente alheados de todo o resto. Resta-nos, a esperança que os líderes das superpotências mundiais atinjam consenso, evitando a escalada do conflito para outras regiões e com maiores proporções.
No Brasil, a opinião pública insistentemente pede ao Presidente Jair Bolsonaro, para que no mínimo não se manifeste sobre o conflito e não tome qualquer partido favorável a Putin. Bolsonaro, comentou em uma de suas Lives que o Brasil terá uma “postura de neutralidade” em função de interesses econômicos. Segundo ele, “ Temos que ter responsabilidade em termos de negócios com Rússia. O Brasil depende de fertilizantes.”, justificando que países que aprovaram as sanções econômicas impostas a Rússia, salvaguardaram seus interesses no meio das medidas implementadas. Agronegócio, um dos principais setores da economia brasileira, seria o principal afetado numa eventual escassez de fertilizantes, comprometendo irremediavelmente as próximas safras. A recente polémica gerada em torno da Amazónia é também um dos motivos do posicionamento “neutro” do Brasil, onde Putin defendeu a soberania Brasileira sobre a Amazônia nas discussões internacionais.
Brasil participará na próxima reunião da Assembleia Geral da ONU, na qual novos pacotes de sanções contra a Rússia serão debatidos, contudo no momento o posicionamento do pais é indefinido.
Pesa o fato que 2022 será ano de eleições no Brasil, onde qualquer decisão que impacte a já fragilizada economia terá repercussão significativa nas urnas eleitorais.