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101 anos de vida foi a bonita idade que Maria Alves comemorou anteontem no Centro Social Rocha Barros, em Góis.

Nascida na mesma época de, por exemplo, o Papa João Paulo II ou Amália Rodrigues, foi a partir da pequena aldeia goiense de Liboreiro que assistiu à maior parte das grandes transformações do mundo ao longo do século XX.

Todavia, foi em França que observou os principais acontecimentos do atual século XXI, para onde emigrou com 79 anos de idade. Será uma das portuguesas mais idosas a deixar o seu país para viver no estrangeiro.

Esta opção de vida – tomada numa fase tão tardia da sua existência – explica-se por uma natural sequência de acontecimentos: tendo enviuvado com cerca de 75 anos, e com todas as suas três filhas emigradas em terras gaulesas, o apelo familiar foi mais forte e, assim, com quase oito décadas, abalou para junto dos seus.

Emigrante em França

Ainda viveu em França durante 14 anos, mas acabou por regressar ao concelho natal, ingressando na Estrutura Residencial para Idosos (ERPI) do Centro Social Rocha Barros, onde assinalou agora o seu aniversário.
No ano passado, quando se assinalaram os seus 100 anos, não foi possível fazer festa porque se estava em plena pandemia de covid-19, impedindo a deslocação da maior parte da sua família desde França. Além disso, a própria Maria Alves foi infetada pelo vírus em janeiro de 2021, embora quase sem sintomas, a não ser uma irritante tosse, mas que não demorou muito tempo a passar, referiu fonte da instituição.

Filhas, netos e bisnetos fizeram a festa

Agora, em 2022, foi possível reunir cerca de duas dezenas de familiares, presentes na festa de anteontem após uma longa viagem desde França até às origens portuguesas, onde a matriarca da família os aguardava.
Estiveram presentes duas das três filhas, genros, netos e bisnetos, que ajudaram a centenária a apagar as velas do bolo, num encontro que decorreu a seguir ao almoço no pátio exterior do Centro Social Rocha Barros, beneficiando do bom tempo de um 31 de janeiro muito ensolarado.

Cabelo e maquilhagem

Antes, Maria Alves recebeu a cabeleireira para se preparar para a festa e foi maquilhada, como tanto gosta. A neta Manuela explicou que “a avó é vaidosa, tem um gosto especial por roupa e por colares”, acrescentando que é muito afetuosa, “sempre a pedir beijinhos e abraços”.

Sem nunca ter aprendido a ler e escrever, é muito religiosa e passa grande parte do tempo a rezar pelos familiares, com o terço na mão.

Desloca-se quase sempre em cadeira de rodas, até porque os problemas de ossos são a sua principal maleita, mas também consegue caminhar, com a ajuda de andarilho. Casou duas vezes porque o primeiro marido faleceu quando ela tinha apenas 25 anos, tendo assumido a tarefa, durante grande parte da vida, de lavar minério nas minas de Liboreiro. | António Rosado