Dupla de pilotos e mecânico da região Centro competiram e concluíram o Dakar
Uma das equipas que logrou chegar ao fim da mais recente (44.ª) edição do Dakar partiu da região Centro de Portugal para percorrer os milhares de quilómetros da prova mítica e conseguir chegar ao fim.
O piloto João Santos, que é diretor de uma multinacional, mas radicado nos Emirados Árabes Unidos; o co-piloto Luís Santos, do stand de automóveis TS Car, da Mealhada; e o eletricista-auto João Filipe Cruz, da Praia de Mira, formaram o trio de aventureiros da Blues Brothers DKR Racing Team, que abraçou o desafio de fazer o Dakar, neste caso na modalidade “Classic”, competição de regularidade e navegação para viaturas históricas.
É o caso do jipe sul-coreano SSangYong Musso, com motor Mercedes, que havia participado no Dakar em 1997, mas sem ter conseguido, naquela época, concluir a prova. Ao longo das duas últimas décadas, a viatura manteve-se no Dubai, até que foi adquirida e preparada em Portugal, o que permitiu materializar “o sonho de participar neste rali tão especial na Arábia Saudita”, confessou ontem Luís Santos, no dia em que regressou à sua vida profissional, após 28 dias de interregno.
As atribulações das viagem até ao início da prova
A equipa saiu da região Centro no dia seguinte ao Natal e só regressou a 16 de janeiro. “Somos dois amigos de há muitos anos, que entre outras aventuras, temos feito várias provas juntos: 24 horas de Fronteira, Baja Portalegre 500, etc “, dizia João Costa, de 52 anos, antes da partida de Portugal.
Ontem coube a Luís Santos fazer o balanço de “uma experiência de vida, que começou logo na viagem de Portugal até Marselha em França, realizada por estrada com uma autocaravana e o jipe num reboque, em que fomos assolados por uma tempestade de neve em Burgos (Espanha) e fomos assaltados num posto de abastecimento”.
A viagem para embarcar os veículos até à Arábia Saudita foi uma aventura antes da verdadeira aventura. O Dakar começou dias depois, com o prólogo em Hai’il, no 1.º dia de janeiro, e acabou em Jeddah, a 14 de janeiro, onde o eletricista e mecânico João Filipe Cruz também se envolveu sem quase ter tempo para descansar:
“Experiência inesquecível”
“Foi como viver numa cidade que nunca dorme, com os carros a sair para as etapas às 4H00 e a regressar às 15H00, para depois fazer as reparações, jantar e dormir quatro ou cinco horas”. O responsável pela mecânica teve de resolver “escapes partidos, falhas de travões, veios de tranmissão…
Com 38 anos, João Filipe, deixou a mulher e duas filhas em Portugal, para só regressar quase um mês depois, mas foi “matando saudades” através das redes sociais.
Luís Santos, de 48 anos, recordou, por seu lado, “as paisagens deslumbrantes ao amanhecer, o ruído das reparações mecânicas durante toda a noite, mas que nunca me tiraram o sono, tal era o cansaço, e a descarga emocional que senti quando o rali terminou e desatei a chorar”.
A classificação final do trio português foi a 80.ª posição entre 134 veículos ligeiros e 18 camiões que alinharam na grelha da partida do Dakar Classic, registando cerca de duas dezenas e meia de desistências.