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“A peregrinação é quase viver uma vida numa semana”

11 de maio às 13h34
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DB-Ana Catarina Ferreira

DB-Ana Catarina Ferreira

O início das aparições em Fátima remete os mais curiosos para 1917. Nesse ano, segundo relatos da época, aconteceu a última aparição da Virgem Maria aos três Pastorinhos na Cova da Iria. Segundo as memórias da Irmã Lúcia, o pedido foi claro: “Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra”. A guerra (1.ª Guerra Mundial) haveria de acabar no ano seguinte e, desde esse momento, Fátima passaria a ser sinónimo de religião e devoção.

Passaram 107 anos, mas o número de pessoas a chegar ao Santuário de Fátima nos dias 12 e 13 de maio aumentou, sendo a peregrinação do 13 de maio a mais importante realizada anualmente em Portugal. “Volvidos 107 anos, o desafio de orar é tão atual quão necessário. A isso convida o programa que aguarda os peregrinos na Cova da Iria, a 12 e 13 de maio, com oração coletiva, mas também com momentos de silêncio e introspeção”, sublinha uma nota do Santuário de Fátima.

“Hoje em dia, diria que o número de pessoas a participar é ligeiramente superior. Há muitas pessoas que querem ter a experiência”, conta Paulo Martins, responsável por coordenar “um grupo eclético” com “cerca de 36 pessoas”. O portuense é um dos dois membros do grupo que dá apoio na carrinha, mas a caminhar com os peregrinos “estão mais três elementos”. Este é um dos grupos que vem do Norte e Paulo Martins conhece um grupo de Paredes que “tem cerca de 600 peregrinos”. Num dia normal, os peregrinos caminham “10 a 11 horas, maioritariamente de noite”. A cada duas horas de trajeto “há uma paragem de reforço”, revelou. A experiência, assegura, “é gratificante” e a chegada ao Santuário de Fátima é um momento “muito emotivo”.

Paulo está no apoio na carrinha e, na estrada, segue o guia Rui Pinto, de Vila Nova de Gaia. Numa paragem junto ao Centro Municipal de Apoio aos Caminhantes, situado nos Campos do Bolão, em Coimbra, o guia contou ao Diário As Beiras que faz peregrinações a Fátima “desde 2013”, tendo sido influenciado “pela mãe e pela fé”. Na estrada, os maiores contratempos estão relacionados com “bolhas e dores musculares”, mas a “superação e o carinho” ajudam a lidar com os problemas. “A peregrinação é quase como viver a vida numa semana”, assegurou, transmitindo o que sente cada vez que chega a Fátima. “Há pessoas que vão muito mal no caminho, mas quando chegam lá quase têm uma renovação. Sentimos um renascer em Fátima”, destacou o guia. “Abdicamos das nossas férias pela fé”, frisou.

Uma enfermeira habituada a aliviar a dor

A prestar apoio aos peregrinos, numa tenda montada para o efeito na zona dos Campos do Bolão, está a enfermeira Maria da Conceição Valente. “Fiz isto a minha vida toda. O que me move é o gostar do ser Humano. Aliviar a dor do outro sempre foi o meu objetivo”, assegurou. Antes de chegarem “mais clientes” ao seu “consultório”, a empática enfermeira Maria dá conta que o serviço principal que presta aos peregrinos está relacionado com “massagens”. “Os músculos vêm danif icados pela marcha, não estão habituados. Temos de saber detetar os músculos quando não estão no lugar certo, porque essa é uma situação dolorosa”, clarificou. E onde começou esta vontade de, como diz o ditado popular, “fazer o bem sem olhar a quem”? Maria da Conceição Valente explica: “ Já foi há muitos anos. Quando cá veio o Papa João Paulo II, em 1982, prestei apoio no estádio cá em Coimbra”, contou a enfermeira que é natural de Ansião mas que foi “adotada” por Coimbra há umas décadas. “Fico feliz em ver os peregrinos”, garantiu.

Milagre de Fátima?

A primeira visita da enfermeira Maria ao Santuário de Fátima aconteceu há 63 anos e, quando terminar de ler esta parte da reportagem, talvez o leitor possa acreditar em milagres. “Fui a Fátima a pé com 12 anos. Não conhecia o meu pai e fui a Fátima pedir o desejo de o conhecer, porque ele estava no Brasil, tal como o meu avó. Não nos escrevia, não tínhamos notícias dele. Pedi esse desejo no dia 13 de maio e a 20 de junho o meu pai chegou à nossa casa”, recordou, emocionada, a enfermeira que tem no humanismo e na ajuda gratuita ao outro, dois traços que deviam ser comuns à maior parte da população. “Dentro da minha realidade algo se passou após esse 13 de maio. Fiquei muito feliz”, reiterou.

Pode ler a reportagem completa na edição impressa e digital do Diário As Beiras e no Facebook do Diário As Beiras

Autoria de:

Emanuel Pereira

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