Opinião: A carta de condução

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A obtenção da carta de condução no Japão é um processo bastante distinto, envolvendo desafios e tirocínios únicos. Desde o início, os candidatos são expostos a vídeos impactantes de acidentes, que servem para enfatizar a importância da condução cautelosa.
O processo prossegue com um intenso estudo teórico. Neste país, há aproximadamente 50 categorias principais de sinais de trânsito, cada uma contendo várias subcategorias. Estes sinais são divididos em grupos que incluem regulamentação, advertência e orientação, cada um com as suas formas, cores e simbologias específicas. O número exato pode variar, pois há novos sinais que podem ser introduzidos ou alterados conforme evoluírem as necessidades de tráfego e as regulamentações de segurança. O exame teórico é rigoroso e exige, pois, uma preparação minuciosa, focada em detalhes que podem variar desde o tráfego em áreas rurais até à complexidade das ruas urbanas.
Após superar o desafio teórico, enfrenta-se o exame prático. No Japão, aprender a conduzir vai além de simplesmente evitar acidentes; trata-se de dominar uma verdadeira arte. As aulas práticas são profundamente instrutivas, muitas vezes comparadas a treinos num dojo, onde o instrutor, como um sensei, transmite técnicas com grande ênfase na honra e precisão.
A preparação inclui revisões dos vídeos de acidentes, que agora servem como um momento de reflexão profunda sobre as decisões de vida dos candidatos. O pavor provocado por estas sessões reforça o apelo de outros meios de transporte, como a bicicleta…
Finalmente, após meses de estudo e prática, os candidatos enfrentam o teste final, uma oportunidade para demonstrar que estão prontos para compartilhar as vias com os motoristas mais experientes e estafetas audaciosos.
Receber a carta de condução no Japão é uma conquista que mistura alívio, orgulho e um novo sentido de responsabilidade. É o início de uma jornada onde se carrega não apenas um documento, mas uma história de perseverança e importantes lições aprendidas, muitas vezes através de experiências intensas e educativas.
Acreditem, caros leitores, que apesar de ter trocado a minha carta de condução portuguesa pela japonesa sem passar pelos exames teórico-práticos, uma hora obrigatória de vídeos com os mais chocantes acidentes de automóvel, desencarceramentos e atropelamentos de crianças e idosos (com o pormenor de ter legendas em português) foi o suficiente para gravar essa experiência na memória por um longo tempo e nem pensar em transgredir.
Dou comigo a pensar se não seria “remédio santo” para muitos dos nossos “aceleras” em Portugal.

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