O nosso país encontra-se mergulhado numa nova encruzilhada nacional, numa teia intricada de desafios que evocam o espírito crítico de Eça de Queirós. É como se estivéssemos a revisitar, dia-após-dia, a sua prosa decadentista que bem descreve(u) a trama de uma nação em permanente estado de crise(s). Ao assistir à surrealidade atual, digna de um drama queirosiano, somos levados a questionar se Portugal está condenado a repetir os erros do passado. Enquanto navegamos a tempestade da crise política, somos testemunhas de uma encenação teatral que, por vezes, poderia rivalizar com os complexos enredos de Eça. Os políticos, muitas vezes elenco de uma peça mal ensaiada, protagonizam a dança da retórica, onde promessas são entoadas como um lamento desafinado. A burocracia, como uma engrenagem enferrujada, contribui para a trama intricada. Os enigmas do “parágrafo-bomba” e a ciência falida dos processos administrativo-judiciais, assemelham-se aos meandros de uma narrativa de Eça onde os personagens se perdem na ineficiência burocrática e apatia nacional. A papelada processual labiríntica, como um belo véu opaco, encobre as respostas, enquanto a opinião publica é conduzida pelo ardiloso relato futebolístico e decadente presunção de tudo e o seu contrário. A corrupção desliza pelas páginas do cenário político minando a moralidade e corroendo os pilares da confiança pública. Como Eça, devemos questionar: será esta a tragicomédia que definirá o futuro de Portugal? O olhar realista de Eça, insta-nos a ver além da espuma dos dias e a desvendar as camadas de uma crise que, como os enredos do autor, tem raízes profundas e intricadas. Será que as personagens deste espetáculo contemporâneo terão a coragem de romper com a dança da retórica e confrontar as verdades incómodas que permeiam a narrativa nacional? O desfecho desta trama nacional, tal como nas obras de Eça, permanece em aberto, aguardando o gatilho que moldará o próximo ato desta história bem “à lá portuguesa”.
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