AFC: “Somos dos conselhos distritais que melhores condições dão aos árbitros”

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DB-Pedro Ramos

Chegou a presidente do Conselho de Arbitragem “em cima” da pandemia. Que desafios encontrou?
Passámos um período muito difícil, que foi quando pegámos na arbitragem, aqui na AF Coimbra. O que posso dizer é que o quadro de árbitros caiu para metade e obrigou-nos a ir à luta.

Qual é o quadro atual?
Atualmente, temos cerca de 120 árbitros de futebol, 65 de futsal e 10 de futebol de praia, embora haja muitos de futebol e de futsal que vão arbitrar na praia. Neste momento, temos a decorrer mais um curso do qual pensamos angariar mais 20 árbitros de futebol e 10 de futsal. Mas ainda não chega. Para cobrir todas as necessidades da AF Coimbra, precisamos entre 150 e 175 árbitros de futebol e, no caso do futsal, entre os 80 e os 100 árbitros.

Como funciona o recrutamento?
No distrito, funciona muito pelo boca-a-boca. Nós lançamos os cursos, que são publicitados nas redes sociais. Também fazemos alguma prospeção junto dos que já são árbitros, tentando que tragam um amigo ou um familiar. Quando temos um número de inscrições suficiente – 20 para futebol e 10 para futsal –, avançamos com os cursos.

Como são os cursos?
Na altura da pandemia, os cursos eram sobretudo online. Depois disso, já fizemos um pouco de tudo, ou seja, cursos inteiramente à distância, mistos e presenciais. Agora, fixámo-nos no regime misto, em que a parte física e os exercícios práticos são feitos em campo, bem como nos testes finais.

Mas a formação não acaba aí?
Claro que não. A Federação, que finalmente “acordou para a vida” e percebeu que é preciso árbitros para o futebol, decidiu uniformizar procedimentos para os cursos de arbitragem, ao nível da bibliografia ou dos planos curriculares. Após o curso, os árbitros passam a constar da plataforma nacional que gere todo o futebol, a “Score”, como árbitros estagiários, durante um ano, findo o qual passam para a categoria mais baixa de árbitros, a C7. Como sabe, a idade mínima para vir para a arbitragem é 14 anos. Por isso, se os estagiários forem menores de 18 anos, ficam árbitros jovens.

Quais as aptidões físicas e psicológicas que são exigidas?
Como temos tanta falta de árbitros, nós não podemos dar-nos ao luxo de escolher. Mas, durante os cursos e no início das carreiras, logo detetamos quais são os mais aptos, ou seja, os que são mais atléticos ou que têm uma coordenação motora superior, e que têm aptidões psicológicas adequadas. Agora, claro, temos também miúdos que vêm para a arbitragem por vontade de pertencer a alguma coisa ou simplesmente porque gostam de futebol, mesmo que nunca o tenham praticado. Pois bem, a todos aqui recebemos e a todos procuramos enquadrar e ensinar o máximo que pudermos. É claro que a progressão de cada um vai ser condicionada pelas capacidades que demonstrarem.

Há um perfil-tipo para o candidato?
É difícil, pois há vários perfis. Nesta altura, por exemplo, não podemos dar-nos ao luxo de pedir mais de 1,80 metros ou menos de 75 kg… Os requisitos são, então, ter nacionalidade ou residência em Portugal, ter mais de 14 anos e, nos maiores, ter no mínimo o 12.º ano e não ser portador de deficiência física inibitória.

Há cada vez mais mulheres na arbitragem…
Na arbitragem, como em todo o mundo do futebol de hoje, nós cultivamos o que designámos de “Aposta no Feminino”. Porquê? Pois porque é um desígnio da sociedade, e também da FPF, e porque, mais do que nos homens, sentimos uma quebra acentuada na pandemia. No ano de 2021, nós aqui em Coimbra tínhamos apenas 12 árbitras de futebol, o que equivalia a cerca de 10% do nosso quadro total. Hoje, dois anos depois, contamos com 22 árbitras, ou seja, crescemos 84% e a arbitragem feminina já atinge os 18% do quadro. Mas, no futsal, o crescimento é ainda mais significativo: em 2021, tínhamos três árbitras (8% do total) e hoje temos 11 (16% do total), o que traduz um crescimento de 266%.

Que condições têm os árbitros em Coimbra?
O Conselho de Arbitragem da AF Coimbra não é dos que paga mais mas é, certamente, das que paga melhor aos árbitros. Desde logo, porque somos a única do país que paga à semana e atempadamente. Para além disso, em Coimbra não é preciso gastar dinheiro para ser árbitro, pois o curso é gratuito e os equipamentos são fornecidos por nós. Entre 2018 e 2023, a AF Coimbra deu dois fatos de treino e quatro jogos de equipamentos a cada árbitro.

Notícia completa nas edições impressa e digital do DIÁRIO AS BEIRAS assinaturas@asbeiras.pt

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