Opinião: As Chuvas de Estrelas do Verão

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Na madrugada de 13 de agosto, espera-se o pico da famosa chuva de estrelas, ou chuva de meteoros, das perseidas. Este ano, temos a sorte de o período no qual se espera a maior quantidade de estrelas cadentes ocorrer com a lua em quarto minguante, a três dias de ser lua nova. Ou seja, não será o brilho da lua que nos vai impedir de ver muitas estrelas cadentes. Mas não deitemos foguetes antes da festa, pois apesar da palavra chuva nos fazer imaginar que poderemos ver várias estrelas cadentes a cada segundo, o máximo que iremos ver, no seu melhor momento, será pouco mais do que uma estrela cadente por minuto! A generalidade das estrelas cadentes são muito pouco brilhantes e para vê-las é preciso estar num lugar bem escuro, longe da poluição luminosa das cidades e de potentes candeeiros, que se assemelham a holofotes, que o ser-humano tem o hábito de plantar no meio do nada a iluminar coisa nenhuma.
Não se consegue prever exatamente em que zona do céu iremos ver estas estrelas cadentes. Na verdade, até as podemos ver em qualquer região do céu, mas se prolongarmos os seus rastos iremos constatar que se cruzarão na constelação de Perseu. Daí o seu some: perseidas. O ponto de onde parecem «nascer» é chamado o radiante.
As perseidas, foram criadas pela passagem do cometa 109P/Swift-Tuttle. Descoberto em 1862, este passará novamente perto do Sol em 2126, esperando-se que seja visível a olho nu. Mas como criou a passagem de um cometa há tanto tempo uma chuva de estrelas tão regular? Compreendemo-lo apenas desde os anos 50. Simplificando, os cometas são umas enormes «bolas», ou «batatas», de gelos, poeiras e gravilha, com alguns quilómetros de tamanho que por aqui andam, no nosso sistema solar, orbitando o Sol. Quando se aproximam demasiado da nossa estrela, as temperaturas fazem sublimar os seus gelos — que são principalmente gelo de água, mas contendo também gelo de dióxido de carbono, gelo de metano e gelo de nitrogénio —, ou seja, os gelos passam diretamente do estado sólido para os estado gasoso, libertando as poeiras que mantinham presas. Libertadas, ao refletirem a luz do sol, essas poeiras criam as caraterísticas caudas dos cometas. Uma vez espalhadas, porém, que estas poeiras também ficam em órbita em torno do sol. E, a cada vez que o nosso planeta Terra , na sua órbita, se cruza com uma região do Espaço onde estão muitas destas poeiras, temos uma chuva de estrelas. Estes pequenos grão de poeira, ao entrarem na nossa atmosfera com velocidades da ordem dos 200 000 km/h, sentem uma pressão atmosférica superior a 500 atmosferas — pressão esta superior à que esmagou o submarino Titan que observava o afundado Titanic. Comprimindo imensamente o ar à sua frente, que aquece bem acima dos 5000 °C, o grão de poeira, tornado num pequeno meteoro, vaporiza-se num rasto de luz.
As perseidas são famosas, não só pela sua regularidade mas, também, por verem visíveis em agosto, mês no qual normalmente temos o céu descoberto à noite. As leónidas, associadas ao cometa 55P/Tempel-Tuttle, cujo pico ocorre sempre em novembro, são muito menos vistas por nós, no hemisfério norte, precisamente por estar frequentemente encoberto. Temos ainda, neste mês, com máximo a 31 de julho, os alfa capricornídeos, associados ao cometa 169P/NEAT. Mas não só são uma chuva de estrelas muito fraca, com um máximo de 5 estrelas cadentes por hora, como teremos quase lua cheia nessa data. Guarde as energias para meados de agosto. Mas relembre-se: com paciência e num lugar escuro, verá certamente algumas, mas só com muita sorte verá uma por minuto.

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