A transformação do setor público para facultar serviços de forma eficaz e alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável, requer a sua digitalização. A Estónia, a Dinamarca, a Áustria, a Coreia do Sul, o Reino Unido, a Finlândia e a França alavancaram a inovação e as tecnologias digitais para permitirem aos cidadãos o acesso fácil e rápido aos serviços públicos e, adicionalmente, usar mecanismos participativos que permitam às pessoas envolverem-se na tomada de decisão e na conceção e prestação de serviços. No entanto, a transformação digital não se circunscreve a equipamento tecnológico. Trata-se, preferentemente, de transformar e inovar a governação pública, e de a integrar numa estratégia nacional de digitalização e inteligência artificial.
A ONU tem investigado sobre a problemática digital em todo o mundo, através do departamento de assuntos económicos sociais das Nações Unidas (UN DESA). Emitiu, em 2019, um relatório intitulado governo digital da ONU, cujo capítulo 7, apresenta um conjunto de capacidades indispensáveis à transformação e implementação de um Governo Digital. O documento relata que qualquer processo de mudança fundamental requer uma abordagem holística centralizada nas pessoas em primeiro lugar, e que, em simultâneo, proceda ao alinhamento de instituições, organizações, pessoas, tecnologias, dados e recursos para apoiar a tão desejada transformação digital, em ordem à obtenção de um maior valor acrescentado público. A transformação do governo digital, que apoia o desenvolvimento sustentável, deve ser estruturada numa abordagem ecossistémica que integre enfoques suscetíveis de abordar as associações e correlações entre os objetivos de desenvolvimento sustentável e a prestação de serviços públicos. Singapura adotou uma abordagem holística para o seu programa smart nation e transformação digital, passando de uma abordagem baseada em silos informativos para uma abordagem ecossistémica, concretizada na figura do balcão único (one-stop-shop) que facilita a comunicação direta entre os cidadãos e o governo. No Quénia, o plano Vision 2030, além de oferecer outro exemplo de integração efetiva dos serviços públicos, prevê transformar o Quénia num país de renda média recém industrializado.
O Fórum Vision Helsinki é um dos membros fundadores da European Network of Living labs – espaços nos quais os setores público e privado podem unir-se para criar soluções inovadoras de serviços públicos, incluindo serviços de cidades inteligentes, como, por exemplo, plataformas de informações de tráfego. Segundo o relatório do governo digital da ONU, a Dinamarca é o país que desenvolveu uma transformação do governo digital das mais bem configuradas. É o resultado da estratégia implementada em 2016, que priorizou a o acesso aos serviços digitais, bem como, a sua utilização pelos dinamarqueses. A Letónia é também um padrão de referência no mundo quando se aborda a administração pública digital. Neste país, existem 3 serviços públicos que exigem a presença física do cidadão: casamento, divórcio e transferência de imóvel. Tudo o resto pode ser realizado online, através da assinatura digital.
A Austrália iniciou, em 2015, o processo de transformação digital com a criação da Digital Transformation Agency (DTA) que tem como objetivo liderar a transformação digital de todos os setores da administração pública australiana. De momento, é detentora do terceiro lugar no ranking do governo digital. O mesmo se passa na Coreia do Sul, Reino Unido, Finlândia e França. Neste último país, o governo teve como objetivo alcançar a transformação digital do serviço público, em 2022, a 100%, introduzindo de forma acelerada, a simplificação e digitalização dos processos administrativos.
Uma forte infraestrutura em TIC é fator fundamental para a transformação efetiva do governo digital. Sem Internet de banda larga de alta velocidade, os governos são incapazes de facultar serviços digitais de forma eficaz e os cidadãos não os podem utilizar. Em 2020, a percentagem de indivíduos, que, em cada continente, que usava a Internet, é apresentada na figura subsequente:
Em suma, a transformação do governo digital é fundamental para induzir alterações e inovação nos modelos públicos de governação, sendo considerada uma parte integrante de uma estratégia de desenvolvimento de um país na procura de um desenvolvimento sustentável. A capacidade de usar o feedback do público para melhorar os serviços e programar faz parte de uma abordagem holística para a transformação do governo digital, sendo o Big Data, e Analytics e a Inteligência Artificial e os algoritmos generativos, os eixos do poder transformacional.