Opinião: Portugal inteiro

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Lado a lado com cidades e comunidades dinâmicas, há um País esquecido que se desertifica, há territórios que vão ficando para trás, sem forças para combater o abandono. A política, essa arte nobre ao serviço da melhoria da sociedade, não pode desistir de combater por este Portugal longe do foco dos “influencers” e da gente bonita que enche o espaço público.
No início de maio, a Comissão de Poder Local da Assembleia da República visitou os Municípios do Algarve e teve algumas sessões de trabalho em terras do interior profundo da serra algarvia. Numa delas, a aldeia de Cachopo, os deputados ouviram falar da Tia Antonieta, viúva de 78 que há muito se habituou a depender só de si, porque cedo percebeu que o País lhe falhava. De facto, Portugal falhou a Antonieta quando, há anos, o marido não resistiu a um enfarte por ter chegado ao Hospital duas horas depois de desfalecer no meio de uma tarde de trabalho. No lameiro onde cavavam, a rede de telemóvel era fraquinha e os vizinhos só ligaram ao 112 quando ouviram Antonieta aos gritos. Dado o alarme, a ambulância arrancou, lá longe, e rumou serra acima, em curva e contracurva, sempre de sirene ligada. Recolhido o enfermo, zarpou serra abaixo, pelas mesmas curvas e contracurvas. Mas era tarde…
O País já tinha falhado a Antonieta quando, muito antes, os filhos tinham saído de Cachopo, uns atrás dos outros, primeiro para estudar e, depois, para trabalhar. Casaram todos fora e estabeleceram-se onde encontraram oportunidades. Nenhum ficou perto!
O país continuou a falhar a Antonieta quando os netos deixaram de querer passar férias em Cachopo porque a falta de internet lhes cortava a vida social. Um ainda pensou construir uma casita num terreno dos avós mas o País voltou a falhar quando chumbou o projeto devido a incompreensíveis imposições da gestão urbanística. E Portugal também já tinha falhado quando nada fez para proteger a pequena produção de aguardente de medronho que arredondava os rendimentos do casal ou quando não construiu a charca que teria permitido regar as hortaliças.
Em Portugal, há muitos homens e mulheres que sentem que o País lhes falha.
Agora, a viúva Antonieta quer apenas permanecer na aldeia até chegar a sua hora, ouvindo os melros na primavera e sentindo o cheiro intenso das primeiras chuvas de outono a cair na terra seca. Oxalá seja possível…
Nenhum país tem recursos para todos terem tudo em todo o lado. Mas só teremos um País desenvolvido se assegurarmos mínimos em todo o território em que viva gente, mais ou menos nova, mais ou menos empreendedora, com mais ou menos saúde, mais ou menos letrada.
Um país próspero precisa de produtividade, de inovação, de empresas, de vida urbana intensa e cheia de gente criativa… Mas só chegaremos ao país que podemos ser quando, em todos os territórios, for possível desenvolver projetos de vida. Para termos um País inteiro!

A minha atividade na semana passada
A minha semana parlamentar teve um ponto alto nas Jornadas Parlamentares do PSD, dedicadas a conhecer um pouco da realidade da Região Autónoma da Madeira e a refletir sobre o trabalho parlamentar do PSD nos próximos tempos. O enorme salto de desenvolvimento da Madeira, nas últimas décadas, prova que a política consegue mudar para melhor a nossa forma de viver. E vale a pena fazer política assim.

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