Opinião: G7 ou BRICS

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Em 1975, reuniram-se em Paris as 6 maiores potências mundiais desse tempo – França, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Japão e Itália. Desde então, os mesmos países (agora com Canadá e União Europeia) encontram-se anualmente para trocarem ideias e discutirem os desafios que a comunidade internacional enfrenta. Este ano, entre 19 e 21 de Maio, a reunião ocorreu em Hiroshima, no Japão. Como não podia deixar de ser, a guerra na Ucrânia foi um dos tópicos mais prementes. Os líderes deste grupo G7 anunciaram que estão unidos a favor da Ucrânia, país que apoiarão todo o tempo que for necessário até que termine a agressão ilegal, injustificável e não provocada da Rússia.
No meio de uma longa declaração conjunta (que aborda vários temas), apelaram à China para pressionar a Rússia para que esta retire, imediata e incondicionalmente, todas as suas tropas da Ucrânia. Consideram que a China deve apoiar uma paz integral, justa e duradoura baseada na integridade territorial e nos princípios e propósitos da Carta das Nações Unidas, inclusive por meio de diálogo direto com a Ucrânia. Ao mesmo tempo, e sobre a mesma China, também declararam que, a propósito de Taiwan, continuam preocupados com a situação nos mares do Leste e do Sul da China, que se opõem fortemente a qualquer tentativa unilateral de mudar o status quo, bem como não deixarão de expressar a sua preocupação sobre a situação dos direitos humanos na China.
Enquanto decorria a reunião do G7, o presidente chinês esteve de visita à capital russa durante 3 dias. Foi uma visita de Estado que mais pareceu de “amigos” e de nações que declararam que iriam aprofundar o seu relacionamento, tendo apresentado uma lista de mais de uma dúzia de acordos a reforçar a cooperação entre ambas. A juntar “à festa”, nos dias 21 e 22 de Maio, foi detectada mais uma aeronave militar chinesa e quatro navios de guerra em torno de Taiwan (só neste mês, Pequim já “estacionou” 227 aeronaves militares e 82 embarcações navais ao redor de Taiwan). Para se ter uma noção, o total das forças armadas de Taiwan não representa sequer 10% da capacidade chinesa. Talvez também por isso, o presidente Biden veio publicamente, no dia 23, avisar a China de que os Estados Unido são contra qualquer acção unilateral contra Taiwan.
Estamos perante comportamentos contraditórios, mundos às avessas, ordens mundiais conflituantes. Oeste vs Este. A pergunta será, talvez, e afinal de contas, quem manda? Neste momento, ainda é o G7. Mas tem vindo a perder cada vez mais influência. O G7 ainda consegue reunir a maior reserva mundial de moeda, mas o seu poder de compra, nos últimos 20 anos, desceu mais de 30%, enquanto a China aumentou de 7% para 19%, o que a torna numa superpotência económica, mais importante do que o G7 para alguns países emergentes, como por exemplo o Brasil. Não nos devemos esquecer que os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) representam mais de um quarto do PIB mundial e cerca de 40% da população, enquanto o G7 representa somente 10%. Por outro lado, parecem ter mais pedidos de adesão do que o eclético G7. Aquando da sua última reunião em Junho do ano passado, para além da Argentina e do Irão, foi anunciado que também o Egipto, a Arábia Saudita e a Turquia querem aderir ao “clube” BRICS.
Num mundo cada vez mais dividido, é da capacidade em se encontrarem novos equilíbrios que depende o fim da guerra (e ameaça de outras), incluindo a climática da qual ninguém escapa.

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