SIM
O prolongamento dos episódios de internamento para além do necessário é um problema complexo para a resolução do qual diversas entidades deverão contribuir. A permanência no hospital já não é clinicamente justificável, mas é socialmente necessária, pois num estado social as pessoas não são despejadas na rua. As principais razões são a incapacidade das famílias, a insuficiência da Rede de Cuidados Continuados, a falta de respostas na comunidade, num contexto de uma população cada vez mais envelhecida. O barómetro dos internamentos sociais realizado pela Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares aponta para mais de mil camas ocupadas por pessoas que já não deveriam estar nos hospitais, representando enormes custos para o Estado. É assim fundamental o desenvolvimento de soluções, nas quais os Municípios têm de estar envolvidos, pois estão próximos dos cidadãos, conhecem as suas dificuldades e necessidades, têm uma Rede Social com centenas de instituições, podendo reforçar a articulação entre instituições da saúde e sociais, de modo a permitir que os utentes sem autonomia ou rede de suporte familiar possam ser acolhidos em lares ou através de respostas no seu domicílio. O Plano Municipal de Saúde de Coimbra, que o atual Executivo Municipal guardou na gaveta, já contempla medidas que poderão contribuir para a resolução do problema, preconizando cuidados de saúde de proximidade e reforço do apoio à família e comunidade que passa, estrategicamente, pelo suporte aos cuidadores informais. É preciso pôr mãos à obra para construir soluções de modo a libertar as camas dos hospitais para quem de facto precisa.