Pandemia e violência fazem regredir progressos para a igualdade de género

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“Por um mundo digital inclusivo: inovação e tecnologia para a igualdade de género” é o lema que as Nações Unidas escolheram, este ano, para assinalar o Dia Internacional da Mulher.
Uma escolha a que não é alheio o facto de, no mundo, três mil milhões de pessoas ainda não estarem ligadas à internet, sendo a maioria delas mulheres e meninas de países em desenvolvimento. Já nos países menos desenvolvidos, apenas 19% das mulheres estão online.
Hoje impõe-se a celebração do Dia Internacional da Mulher, uma comemoração que é, apesar de tudo, ainda recente. E, se nas últimas décadas, foram realizados consideráveis progressos no caminho para a igualdade entre homens e mulheres, mesmo na União Europeia continuam a ser prejudiciais os estereótipos baseados no género e a violência. As mulheres continuam a ser vítimas de violência física e sexual, a ganhar cerca de 16% menos que os homens e representam uma baixa percentagem (menos de 8%) dos cargos de presidente executivo de grandes empresas, segundo dados da Comissão Europeia.
A este cenário acresce a pandemia, a violência e a guerra, realidades que ameaçam fazer desaparecer muitos dos direitos conquistados nas últimas décadas pelas mulheres, em muitos casos anulando os direitos humanos fundamentais.
Para alterar este contexto, a Comissão Europeia lançou a Estratégia para a Igualdade de Género 2020-2025.
A Estratégia para a Igualdade de Género preconiza “uma Europa em que mulheres e homens, raparigas e rapazes, em toda a sua diversidade, sejam iguais e livres de seguir o caminho de vida que escolheram, tenham as mesmas oportunidades de realizarem o seu potencial e possam participar na nossa sociedade europeia e dirigi-la, em igualdade de circunstâncias”.
Na União Europeia, 33% das mulheres foram vítimas de violência física e/ou sexual; 22% das mulheres foram vítimas de violência familiar; 55% das mulheres foram vítimas de assédio sexual.

Pandemia atrasou igualdade de género

Também o Fórum Económico Mundial, no seu 16.º Relatório Global de Desigualdade de Género, de 2022, referiu que a disparidade geral de género na política, trabalho, saúde e educação melhorou a nível global. No entanto, serão precisos ainda 132 anos para que se atinja a paridade total. Mas este cenário tende a atrasar-se, com a violência e a guerra.
Antes da pandemia, esta diferença definida para se alcançar a igualdade de género era de 100 anos. O que significa que a pandemia de covid-19 atrasou a igualdade de género em pelo menos três décadas.
Este retrocesso é explicado pelo facto de a crise gerada pela pandemia ter provocado perdas mais duradouras no emprego feminino, em setores tradicionais como os de retalho, viagens e turismo.
Segundo dados do Fórum Económico Mundial, o emprego feminino caiu de forma drástica, a nível mundial, em 2020, após o início da pandemia, chegando no nível mais baixo desde 2006, que foi a data do 1.º Relatório Global de Desigualdade de Género.
Analisando por áreas, em termos políticos serão precisos 155 anos para se alcançar uma paridade política no mundo. Já no capítulo da participação económica, serão precisos 151 anos. É na área da educação que surge a diferença menor da avaliação, apenas 22 anos.

Classificação

Quanto à classificação dos países, no que respeita às igualdade de género, a Islândia liderou o ranking pelo 13.º ano consecutivo, devido à elevada pontuação de escolaridade do país e à alta percentagem de mulheres no Governo. A Finlândia é o 2.º e a Noruega é a 3.ª nação da lista, sendo o Afeganistão o último .
Portugal surge, neste ranking, no 29.º lugar a nível mundial, entre 146 países analisados. Na Europa, Portugal é o 18.º da classificação.
Em termos de participação económica, Portugal ocupa a 41.ª posição do ranking; em termos de educação o nosso país surge no 75.º posto; em termos de igualdade na saúde no 67.º lugar; em termos de empoderamento político, Portugal é o 33.º da geral.

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