Opinião: O CEO da saúde pediu para ir embora

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Fernando Araújo é seguramente um homem empenhado e um actor da reforma da saúde que se deseja, mas acaba de abrir a caixa de pandora. A bandeira ideológica da geringonça, que foi o fim das parcerias publico privadas na saúde, foi esmiuçada na mais recente entrevista na RTP, surgindo uma verdade dolorosa e quem sabe mortal. As PPP eram excelentes instituições que foram avaliadas como os melhores hospitais da rede do SNS à data do fim do contrato, e falamos de Braga, Vila Franca e Loures. Estas experiências foram construídas pelo PS e depois arrasadas pelo PS. Aproveitar para lembrar do projecto de Maria de Belém que foi Vila da Feira, a ideia do Francisco Xavier e a abertura do Amadora Sintra, que no passado também foram de gestão diferente e com inovação para as contratualizações e sistemas de aprovisionamento. Hospitais que foram experiências com melhoria da produção e atractivos de quadros médicos. Tudo isto foi avaliado, foram experiências muito positivas e tiveram como consequência um arraso, uma opção por terminar o que se construíra bem. Houve avaliação a justificar a mudança? Não. A ideologia superando o bom senso e os resultados por melhor que fossem. Fernando Araújo disse que ainda estamos a sofrer as consequências destas decisões. Não acrescentou porque é educado – decisões nefastas e burras.
O Hospital Beatriz Ângelo, em Loures era uma casa arrumada, sem fechos de noite, sem problemas nas respostas de urgência. A geringonça só descansou quando colocou uma gestão de amigos do PS que destruiu a casa. Fernando Araújo deve estar para ser despedido depois destas declarações porque a verdade em Portugal é vil, a verdade é deselegante, é mal-educada. Nunca a geringonça se entreteve a resolver o espaço de quintas que é o CHUC, a esmiuçar os conflitos no Sta Maria, a perceber como estes dois monstros podem destruir biliões de euros sem uma avaliação constante assertiva e transparente. Ainda agora Coimbra vive uma completa demência com as obras da urgência no CHUC, sem logística, sem estratégia, sem planificação e os doentes são colocados como sendo o problema. Problema é estar doente. O problema não é recorrer à urgência.
O problema é não haver mais onde ir. E se não há mais é porque fecharam o que havia. Uma ARS do PS que é anémica, inodora, incolor, sem capacidade, sem organização. Uma gestão no CHUC que acha que gente menina consegue fazer trabalho adulto, que aposta em mudanças sem ensaios, sem verificação dos trajectos. Entre os Covões e os HUC distam só seis kms, mas há três horas por dia que são intransitáveis. E nada disto se planejou ou se precaveu. Agora abriram a urgência dos Covões, mas não colocaram nela os quadros obrigatórios, as camas que suportem a chegada da multidão, os mecanismos de diagnóstico e de apoio. Dotaram Coimbra de um curral para construir conflito. Dezenas de pessoas em salas de espera, aguardando horas, fermentando a fogueira da revolta só pode acabar mal. Os doentes não são animais, merecem respeito, por mais cansados que estejamos, e por mais idiotas que nos pareçam as suas dúvidas e razões.
Estas decisões na saúde assemelham-se ao ataque ao ensino nos colégios, a perseguição ao ensino privado, que redundou noutro flop. A ideia de uma TAP pública também foi um processo ideológico que delapidou os portugueses de SNS, do ensino e da segurança. O dinheiro é uma manta de solteiro numa cama de casados. A ideologia que catapultou Portugal para verter milhões de euros por sargetas anacrónicos devia fazer-nos pensar.

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