Opinião: É aceitável que o Estado tenha fogos devolutos na cidade?

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NÃO
O Estado tem a obrigação de ser a bússola do cidadão, de dar o exemplo. Numa altura em que uma série de circunstâncias levaram à brutal escalada de preços na habitação, tanto no arrendamento como na aquisição via crédito, provocando uma emergência social, o Governo criou, e bem, um conjunto de respostas que acredita poder melhorar a situação a curto e médio prazos.
Para tanto, lança mão de, entre outros, instrumentos irrepetíveis como PRR, dinheiro que pode e deve ser alocado a boas soluções – e boas soluções são aquelas que podem perdurar, quebrar ciclos de pobreza ou de dependência de apoios que mais não visam do que a sobrevivência, quando as pessoas merecem mais: planos de vida e de esperança, perspetivado um futuro mais risonho.
Não sei se o pacote de medidas criado pelo Governo é ‘isto tudo’, mas uma das medidas parece querer opor ‘uns’ aos ‘outros’, os que têm segundas ‘casas’ e não as ocupam e os que não encontram casa a preços razoáveis. Não vou discutir a ‘bondade’ da medida. Mas que o mesmo Estado tenha fogos devolutos, a deteriorar-se, que serão reabilitados, em alguma altura, às nossas custas… parece bem a alguém? É assim que queremos ver administrado o erário público?
O direito à habitação nasceu para ficar na Constituição da República Portuguesa, cristalizado em papel? Quem mora nas páginas de um Livro? Localmente, há quem fale em medidas paliativas ou pensos rápidos para feridas profundas, ignoradas por anos, mas este executivo não baixará os braços até fazer da Figueira o exemplo de que o País precisa.

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