Não
É verdade que a aplicação de multas é uma forma de punir a infração. A multa tem ainda, é suposto, um efeito dissuasor do incumprimento. É também evidente que em Coimbra tem havido uma elevada fuga ao pagamento do estacionamento. Há pouca fiscalização nos parques de estacionamento e nos parcómetros e as receitas que revertem para os SMTUC são bastante inferiores ao que seria expectável e desejável.
Contudo, as políticas de mobilidade, como todas as políticas municipais, não se podem ancorar na mera repressão dos munícipes incumpridores e relapsos.
A construção de uma cidade onde dê gosto viver, com qualidade de vida, faz-se com o envolvimento dos cidadãos.
Coimbra precisa de políticas que incentivem o uso mais frequente do transporte público e que induzam os munícipes a deixar o carro em casa ou em parques de estacionamento periféricos. O que só se consegue com bons transportes públicos, cómodos e fiáveis. E com parques de estacionamento projectados para a acessibilidade a estes transportes.
Por enquanto, prolifera um pernicioso estado de espírito de que se “eles”, a quem pagamos impostos, pouco fazem por nós, porque devemos nós cumprir… Este sentimento ainda mais se alimenta perante uma cidade virada do avesso, com obras por todo o lado, com alteração frequente de vias vedadas ao trânsito.
Então, não havendo desculpa para incumprimentos, do que Coimbra precisa é de uma política de mobilidade clara e com resultados evidentes e rápidos. Assim, haverá uma acrescida legitimidade para se exigir mais de todos.