Opinião: 733 anos com Beleza

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A Universidade de Coimbra celebra hoje a magnífica idade de 733 anos.
Não vou aqui aludir à História magnífica desta Universidade – porque o espaço é curto para tão longa gesta.
Também não vou falar do Magnífico Reitor reeleito Amílcar Falcão, que hoje toma posse – pois sobre ele já escrevi o texto aqui publicado há um mês.
Hoje quero focar-me na circunstância de ser este um aniversário com dupla beleza: porque tem um belo programa, mas também porque esse programa inclui uma Beleza, Leonor, que vai receber o Prémio Universidade de Coimbra.
Leonor Beleza é, pois, justamente distinguida por uma Universidade que nunca foi a dela, mas a que ela desde sempre esteve ligada. Eu explico:
A Mãe, Maria dos Prazeres Lançarote Couceiro da Costa ( 1924 – 2010 ) nasceu no Porto e veio estudar para a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra com apenas 16 anos. Nesta Faculdade, onde se licenciou, apaixonou-se por um colega, com quem veio a casar. Era ele José Júlio Pizarra Beleza ( 1924-2012 ), que poucos anos mais tarde viria a ser Professor da mesma Faculdade.
Do casamento nasceram cinco filhos. Leonor, a mais velha, nasceu ainda no Porto em 1948 (viria a licenciar-se em Direito, mas na Universidade de Lisboa, onde chegou a dar aulas). O segundo filho, Miguel (que viria a ser Ministro das Finanças do XI Governo, chefiado por Cavaco Silva), já nasceu em Coimbra, em 1950 (tendo falecido em 2017 ). Em 1951 nasceu Maria Teresa (que se licenciou pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e é Professora da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa). Em 1956 nasceu, também em Coimbra, Maria dos Prazeres (que viria a ocupar, para além de outros cargos, o de Juíza Conselheira do Tribunal Constitucional e do Supremo Tribunal de Justiça). O filho mais novo, José Manuel, nasceu já em Lisboa, em 1959.
Leonor Beleza (Presidente da Fundação Champalimaud), ocupou, entre muitos outros destacados cargos, o de Ministra da Saúde do Governo de Cavaco Silva, entre 1985 e 1990.
Num desses anos veio a Coimbra, se bem me lembro a convite da Fundação Bissaya Barreto, para uma iniciativa que decorreu na Casa-Museu daquela Fundação, junto aos Arcos do Jardim.
E nessa altura concedeu uma entrevista ao semanário Jornal de Coimbra, de que eu era Director e proprietário. Os entrevistadores foram dois jovens meus estagiários: João Cordeiro, hoje um ilustre advogado, e Luís Frias, hoje quadro dirigente do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.
Não me recordo do teor da entrevista. Mas fixei que Leonor Beleza lhes fez uma confidência que, na altura, me impressionou: quando era pequenina, a passear pela mão do Pai junto à Universidade de Coimbra, ele parou, apontando para a Torre, e dizendo-lhe: “Vês aquela torre? Quando eu morrer, vão ali pôr a bandeira nacional a meia-haste e os sinos vão tocar em sinal de luto…”.
Mas o que o Professor José Júlio Pizarra Beleza não podia imaginar, é que, algumas décadas volvidas, a bandeira nacional iria estar ali bem desfraldada, tal como a bandeira da Universidade, e os sinos da velha Torre iriam repicar alegremente neste dia 1 de Março de 2023, para festejar os 733 anos da sua Universidade, mas também a distinção concedida à sua Filha Leonor.
Ele ficaria muito orgulhoso!…

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