Coimbra: Graciano Paulo “ESTeSC vai entrar na primeira carruagem” dos doutoramentos nos Politécnicos

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DB/Foto de Ana Catarina Ferreira

Como viu a recente aprovação, pela Assembleia da República, da nova denominação dos Institutos Politécnicos e da possibilidade de conferirem doutoramentos?

Honestamente, vejo isso duma forma natural, era algo expectável, que sabíamos que ia acontecer, só não sabíamos quando. Os politécnicos poderem outorgar o grau de doutor é a evolução normal do sistema. Estar a coartar por via administrativa um qualquer subsistema de fazer qualquer coisa para o qual está perfeitamente preparado e capacitado, não é normal num país democrático e que se quer desenvolvido. A questão da mudança de nome é mais uma brincadeira à portuguesa, porque só podemos utilizar o termo em inglês, Polytechnic University. Em português continuamos com o nome que temos. É mais uma passagem anedótica de um sistema político português anedótico. Penso que mais uma vez será uma questão de tempo até o nome mudar também em português.

Para os Politécnicos, esta aprovação foi uma vitória, pois poderá proporcionar novas oportunidades, novos desenvolvimentos?

Isto é o país a desenvolver-se de acordo com os parâmetros normais do mundo. Mas se for visto na perspetiva de deixar fazer quem tem competência para isso, independentemente do seu estatuto, sim, foi uma vitória. Pergunta-me se todos os politécnicos vão outorgar o grau de doutor? Provavelmente não. Se a procura em Portugal é suficiente para cobrir aquilo que será oferta de mercado? Provavelmente não. Mas volto a dizer, quanto mais competição interna houver no país, melhor será.

Como é que a ESTeSC está posicionada para começar a conferir doutoramentos?

A história da ESTeSC, que celebramos hoje, é uma história de desenvolvimento, ou seja, o nosso código genético é desenvolver para estar na “liga dos campeões”. Portanto, toda a nossa preparação histórica, o desenvolvimento do corpo docente, da investigação, das próprias infraestruturas, do equipamento laboratorial, ou seja, tudo que a ESTeSC fez ao longo da sua história foi preparar-se para estar na “liga dos campeões”. Temos essa vantagem: seja qual for a decisão política ou administrativa, a ESTeSC está sempre preparada, como disse quando tomei posse, está na “pole position” das tecnologias da saúde em Portugal. Portanto, se a ESTeSC não conseguir atribuir doutoramentos, dificilmente outra poderá. Porque a escola preparou-se sempre para, quando passar o comboio, entrar na primeira carruagem.

Em breve poderemos ver os doutoramentos a avançar na escola?

Nós temos outra vantagem enorme, porque não existem doutoramentos nas áreas dos cursos das tecnologias da saúde em Portugal. À exceção de um caso ou outro, pontuais, todos nós tivemos de nos doutorar, digamos, em áreas afins. Também aqui nos preparámos, por sabermos que o doutoramento nessas áreas é uma necessidade. A investigação é importante para desenvolver o ensino, é o que conta para o desenvolvimento do corpo de conhecimentos específicos de cada profissão que aqui formamos.

Nesse caso, os doutoramentos vão ter procura?

Essa pergunta é interessante. Quais são os públicos que procuram formação avançada? São aqueles que não encontram emprego e têm condições financeiras para obter melhor qualificação, para depois tentarem encontrar melhor emprego. São aqueles que têm como vocação a investigação e seguem essa área. E depois deveria haver aqueles, e é aqui que o país falha, que para desenvolverem competências, como bons profissionais, tivessem de fazer formação avançada.
O Governo já deu um passo, no âmbito da admissão pública, atribuindo um reforço salarial mensal a quem, por exemplo, possuir o grau do doutor. Mas eu acho que o reforço dessas competências deveria ser obrigatório para progredir na carreira. Sobretudo na saúde, que é uma área que se desenvolve, do ponto de vista tecnológico, de forma exponencial, e onde a formação ao longo da vida é determinante e devia ser obrigatória.

Ler entrevista completa na edição impressa e digital de hoje do DIÁRIO AS BEIRAS

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