A primeira fase do Centro Interpretativo do Estado Novo (CIEN) vai abrir na Escola Cantina Salazar, no Vimieiro, no concelho de Santa Comba Dão.
O presidente da câmara local, Leonel Gouveia (PS), disse ontem que, em data ainda não definida do próximo mês de maio, será aberta ao público uma primeira ala daquele edifício dos anos 40 do século XX.
“Pretendemos, por um lado, dar a conhecer o edifício da escola, que só por si tem valor histórico e, por outro, colocar a sufrágio dos visitantes e dos munícipes um projeto que foi trabalhado e validado”, explicou.
Museu em progresso
Ou seja, segundo o autarca, o que as pessoas poderão ver a partir de maio “não é aquilo que as pessoas verão daqui a quatro anos”.
“O que as pessoas vão ver agora são alguns aspetos simbólicos, por exemplo, na área da educação relativamente ao Estado Novo.
Leonel Gouveia referiu que “os conteúdos serão trabalhados em função daquilo que forem os contributos dos cidadãos, que serão analisados pela comissão científica e pela equipa de projeto”.
No seu entender, esta é uma forma de colocar “as virtudes da democracia em contradição com o que foi o Estado Novo”.
António Oliveira Salazar nasceu no Vimieiro, uma freguesia do concelho de Santa Comba Dão, distrito de Viseu, e a criação de um espaço dedicado ao Estado Novo não tem sido pacífica ao longo dos anos, devido aos receios de se vir a tornar um local de romaria dos defensores do ditador português.
Autarca recusa que seja o “museu Salazar”
Aludindo à polémica em torno do CIEN – que, segundo o autarca, tem erroneamente sido colocado nas páginas dos jornais como o nome de museu de Salazar – Leonel Gouveia reiterou que “a História não se apaga, ela tem de ser estudada” e o novo espaço será um contributo para isso.
“Nós só conseguimos realizar o presente, perspetivar o futuro e consolidar a democracia se conhecermos o nosso passado. Para que não se ponha em causa a democracia, é preciso perceber quais foram os erros do passado”, frisou.
O autarca contou que pretende dar a conhecer o projeto ao ministro da Cultura e “até, se possível, obter financiamento para concretizar o projeto final”. esclarecendo que se trata do “mesmo modelo que foi validado pelo CEIS20 (Centro de Estudos Disciplinares do Século XX, da Universidade de Coimbra)”.