DB/Foto de Pedro Ramos

O Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro – Rovisco Pais (RP), na Tocha, acolheu ontem a cerimónia de abertura da biblioteca científica do Antigo Hospital Colónia.
O antigo hospital, especializado no tratamento da lepra – e o único no país – a partir do momento em que a doença foi erradicada, optou pela especialização no âmbito da recuperação física, guardando nas suas instalações informações referentes a todo o trabalho efetuado anteriormente.
Ao dispor da comunidade científica e da comunidade em geral encontra-se agora um espólio especializado nas áreas da medicina, saúde pública, dermatologia e leprologia.
De acordo com a presidente do Conselho Diretivo do Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro (CMRRC), Isabel Bento, a coleção contém 4500 volumes e 750 títulos, que podem agora ser consultadas tanto presencialmente como online.
O acervo, esclarece, inclui obras de autores do século XIX e do século XX, sendo a obra mais antiga de 1823.
A presidente da Câmara Municipal de Cantanhede, Helena Teodósio, também presente no evento e considera que em causa está um “ativo cultural” de interesse público, um legado patrimonial técnico e científico que importa preservar, visto que Hospital Colónia Rovisco Pais foi a única leprosaria portuguesa.
A presidente da Câmara de Cantanhede defendeu o empreendimento de esforços para “dar o maior alcance possível” a estes livros e documentos que compõem a biblioteca, de modo a poder contribuir para o desenvolvimento de novas abordagens científicas.

Conservar a história

O diretor executivo da Sasakawa Health Foundation (SHF), Takahiro Nanri, fez também questão de participar no evento.
A fundação japonesa, desde 2017, tem demonstrado particular interesse pelo espólio e foram vários os contributos financeiros no sentido de reablitar edifícios, proteger documentos, restaurar, conservar e difundir digitalmente.
Segundo Takahiro Nanri o objetivo da instituição, prende-se com a preservação da história da lepra.Ainda que a doença esteja erradicada em Portugal, é uma realidade em muitos países do mundo.
À parte da biblioteca foi criado, em 2021, um polo do Núcleo Museológico, onde se encontram em exposição objetos, fotografias e documentos, que fizeram parte do dia-a-dia do Hospital Colónia, na altura em que a lepra era uma doença bastante prevalente.