Continuam a ser vítimas de violência física, sexual, psicológica. Continuam a ser mais mal pagas que os homens, tendo salários base, em média, 13% inferiores. Sofrem de violência só pelo facto de serem mulheres. Uma em cada três já vivenciou situações de violência doméstica.
Os dados não são novos e foram relembrados ontem por Ana Simões, magistrada do Ministério Público e coordenadora da Comarca de Coimbra, numa sessão que assinalou o Dia Internacional da Mulher.
Uma data que serve, sobretudo, para reiterar a necessidade de ultrapassar preconceitos e práticas, “através da educação, para que as mulheres possam gozar de uma igualdade jurídica e de uma igualdade de facto”.
“Sentimos que há desigualdades, nomeadamente desequilíbrios de género, que atingem as mulheres, os seus direitos e a sua dignidade humana”, disse.
Porque “se é verdade que a igualdade está na lei, e em várias leis, ela não está – como salientou Ana Simões – nas pessoas, na cabeça da generalidade das pessoas. Temos leis nesta matéria, mas é preciso pô-las em prática”.
“Cabe-nos a todos nós a responsabilidade de, no nosso quotidiano, seja profissional seja familiar seja como membros da sociedade civil, colocar a igualdade na cabeça de todas as pessoas e de tentar eliminar as desigualdades para todas elas”, frisou.
O encontro organizado pela Procuradoria da República da Comarca de Coimbra e pela Orquestra Clássica do Centro (OCC) decorreu no Salão Nobre do Tribunal da Relação de Coimbra, e juntou várias mulheres, com diferentes visões do mundo: Nildelema Mendes, médica guineense, Noela de Pina, investigadora da UC, de Cabo Verde, Emília Martins, presidente da OCC, Ana Figueiredo, da Saúde em Português, em representação da Rede Regional do Centro de Apoio e Proteção a Vítimas de Tráfico de Seres Humanos.
Presente esteve também Tetiana Olefirova, estudante ucraniana, que não deixou de recordar as mulheres do seu país: “durante o último ano, as ucranianas passaram a ter conhecimento de geradores, equipamento tácito, drones, evacuaram aldeias, retiraram soldados abatidos dos campos de batalha. E criaram uma impressionante rede de voluntariado”. Pela nação, pela vida, pela liberdade.
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