Mais ano menos ano, o país retoma a discussão na praça pública sobre o modelo de acesso às universidades. Essa instabilidade, desnecessária, diz muito sobre as fragilidades do nosso sistema. Desta feita, discutiram-se os exames finais.
O mais importante dos argumentos para defender a existência de exames finais de acesso ao ensino superior é o da padronização, seja em Portugal ou em qualquer outra parte do mundo. Na realidade, deve existir um mecanismo comum a todos os estudantes para assegurar uma avaliação justa e equitativa dos conhecimentos. Achar que os estudantes são todos iguais é, infelizmente, uma falácia.
Seja qual for a escola – pública ou privada – e a proveniência socioecónomica dos estudantes deve existir um mecanismo comum de aferição. A não existência de um exame final – o tal esquema de padronização – iria inelutavelmente conduzir a resultados ainda mais desiguais, que em grande medida refletem os contextos educativos, sociais e económicos díspares.
Acontece, que os exames finais são, ainda, uma ótima oportunidade para os estudantes se prepararem para a rigidez e pressão de vida académica e universitária. Será redutor ver só vantagens nos exames, mas é verdade que ajudam a desenvolver habilidades de gestão de tempo e da pressão para resultados, bem como a autoconfiança necessária para enfrentar desafios futuros. Afinal a vida é uma constante prova!
Infelizmente, como em tanta coisa no nosso país, a discussão sobre os exames finais é muito relevante, mas totalmente incompleta se não se debatem os modelos pedagógicos e os currículos escolares, que lhe estão na base. Nos países mais avançados do mundo ensina-se a questionar, a trabalhar em grupo e a problematizar em permanente multidisciplinaridade. Noutros… hoje como há 40 anos, debitam-se programas destinados em primeira mão a ser memorizados com base em exercícios individuais de solução única e absoluta.
Em suma, os exames finais contribuem para uma avaliação objetiva e mais equitativa como já dissemos, mas as habilidades de compreensão e a capacidade de aplicação dos conceitos apreendidos não se devem esgotar em 120 minutos de prova. Há mais vida!..