Opinião: A Educação como base de desenvolvimento

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Enquanto que no gelado Portugal os “casos e casinhos” continuam a ser o foco principal, no escaldante Gana temos um verdadeiro caso: no passado mês de Dezembro, o governo ganês informou o mundo, através de uma nota de imprensa, que se encontra suspenso o pagamento de parte da sua dívida externa. Para quem não está tão atento à realidade dos países africanos, pode parecer que a suspensão de pagamento de dívida é uma prática habitual e que não há aqui uma grande novidade. O que não deixa de ser verdade para a maioria das nações africanas. Contudo, no caso do Gana ,não é assim tão comum.
Em 2013 a dívida pública andava nos 42.9% do PIB, em 2022 este valor andará perto dos 104% do PIB. Em 30 anos de democracia estável é a primeira vez que um episódio desta gravidade ocorre. As consequências negativas desta medida vão-se fazer sentir durante anos, já que a credibilidade do país foi completamente dizimada aos olhos dos credores internacionais.
À parte as suas riquezas naturais, a estabilidade democrática e a sua credibilidade foram sempre os maiores ativos do Gana. Como é que se chegou a este ponto?
O governo de Akufo-Addo responsabiliza a pandemia e a guerra na Ucrânia. No entanto, o problema é bem mais profundo. Para além dos projetos megalómanos lançados nos últimos 4 anos, dos quais realço o projeto da Catedral Nacional cuja previsão dos custos ascende a 350 milhões de dólares, uma de muitas razões que trouxeram o país a esta situação aflitiva é, certamente, a falta de capital humano na gestão dos referidos projetos públicos.
A educação, ou a falta dela, continua a ser um dos problemas mais críticos dos países africanos. O Gana até beneficia imenso da sua presença na Commonwealth, tendo muitos estudantes que, através de meios próprios ou de bolsas, têm acesso a universidades inglesas ou europeias. Porém, a maior parte desse capital humano não regressa ao país, não contribuindo assim para o seu desenvolvimento. O sistema de ensino local consegue enviar para o mercado de trabalho bons profissionais, mas são manifestamente insuficientes na quantidade que é necessária. Obviamente que a solução para este eterno problema não é simples, mas enquanto os governos africanos não colocarem a educação como uma prioridade crítica, o desenvolvimento sustentável de África nunca será uma realidade.

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