Condeixa-a-Nova: Três músicos da região dão novo fôlego à concertina

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Três músicos de concertina – reunidos numa sala de ensaios em Condeixa-a-Nova a tocar concertina – quiseram mostrar o novo fôlego que este instrumento representa para a música portuguesa. Por iniciativa da Agência Lusa, Amadeu Magalhães, Dulce Cruz e Arménio Santa mostraram que é possível fazer novas aproximações da concertina a diferentes géneros musicais da cultura portuguesa.
O músico transmontano Amadeu Magalhães, 53 anos, já tocava guitarra clássica e clarinete quando chegou à Universidade de Coimbra, na década de 1980, para estudar engenharia eletrotécnica. Ingressou no Grupo de Etnografia e Folclore da Academia de Coimbra (GEFAC) da Associação Académica (AAC): “Nunca tinha tocado concertina. O GEFAC tinha essa necessidade e eu, como tinha algum jeito, comecei a tocar concertina por necessidade”, recorda o músico que, hoje em dia, faz parte da banda de José Cid.

Concertina digital

Há algum tempo, Amadeu Magalhães começou a tocar concertina digital e nunca mais usou o instrumento na versão acústica.Na banda, responde também pelo cavaquinho, gaita-de-foles, flauta e cordofones, assumindo igualmente “uma componente de rock e pop”. “Gosto de todos os géneros desde que sejam bem feitos”, acrescentando que, “nesta democracia musical, há que entender melhor o que se faz lá fora”, designadamente através da internet e da participação em festivais internacionais: “Muito pouca gente sabia como se tocavam aqueles instrumentos” noutros países.
Na demonstração coletiva do instrumento em Condeixa-a-Nova participou também Dulce Cruz, que tem vindo a promover o ensino da concertina, à qual está ligada desde a juventude, através do folclore, quando ingressou no Grupo Típico de Ançã, no concelho de Cantanhede.
De Cabo Verde, chega o funaná, que a inspira muitas vezes em palco, tal como os temas brasileiros do Rio Grande do Sul e de outras regiões do globo, sem esquecer a música tradicional portuguesa.
“Sempre andei numa busca por algo diferente, nas músicas do mundo”, revela a instrumentista.

Arménio Santa, dos Ginga

Por seu lado, Arménio Santa não renega a aprendizagem no Grupo Folclórico Camponeses do Mondego, de Arzila, nos arredores de Coimbra.
“O folclore foi a escola de muitos de nós”, reconhece o técnico de informática, de 45 anos, que já deu aulas de concertina e que integra o grupo Ginga e a Banda Futrica, de Coimbra.
Evoca o psiquiatra e etnólogo Louzã Henriques, da Serra da Lousã, falecido em 2019: “Ouvi Louzã Henriques a tratar a sua concertina como menina concertina e a minha passou a ser também assim”.
No seu entender, “o músico é que faz o instrumento. Cresci a ouvir dizer que a concertina era um instrumento limitado, mas vai muito das nossas influências”. “Sou também do rock. Os Ginga são uma banda de rock que toca música tradicional portuguesa. Em finais do século XX, estávamos a perder os tocadores de concertina em Portugal, onde temos hoje tanta gente boa a tocar”, conclui Arménio Santa.

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