O diretor do Centro de Artes Visuais de Coimbra, Albano Silva Pereira, lamentou hoje o curto valor do financiamento atribuído a esta instituição, que só “continua viva por milagre” e que tem “uma coleção única no país”.
“O protocolo em 2003 tinha um valor global de 500 mil euros: 300 mil do Ministério da Cultura e 200 mil da Câmara Municipal de Coimbra. Vinte anos depois, estamos longe desse montante”, criticou.
Durante a conferência de apresentação de Miguel von Hafe Pérez como curador responsável pela programação do novo ciclo de exposições, “a vida, apesar dela”, a decorrer até 2026, Albano Silva Pereira lamentou “a injustiça e a falta de enquadramento financeiro” para com a instituição.
“Uma instituição com um equipamento desta dimensão, com uma coleção única no país, com esta história e património. Parece-me extremamente injusto”, acrescentou.
O diretor do Centro de Artes Visuais de Coimbra recordou alguns dos momentos mais difíceis que a organização atravessou, nos últimos anos, em virtude dos cortes no financiamento.
“Há quatro anos tínhamos um financiamento de 100 mil euros, que não sabíamos quando é que iríamos receber. O financiamento em que o doutor Miguel Honrado era secretário de Estado da Cultura, penso que há quatro anos, veio a 17 de novembro e trabalhámos todo o ano sem saber se iríamos receber ou não”, referiu.
Apesar de entender que o financiamento é manifestamente insuficiente para tudo aquilo que o Centro de Artes Visuais de Coimbra se propunha realizar, não deixou de assinalar que vê como “um verdadeiro milagre” o financiamento quadrienal (2023-2016) da Direção-Geral das Artes, no valor de 300 mil euros.
Aos jornalistas, evidenciou que sempre sonhou que o Centro de Artes Visuais de Coimbra pudesse abrir à noite, no entanto, “os custos da segurança inviabilizaram completamente esse propósito”.
“Os cortes obrigaram-me a desfazer todos os meus sonhos: o do horário, da edição, das coproduções internacionais e a cortar metade da equipa. Como esta instituição está viva? Para mim é um milagre”, disse.
Albano Silva Pereira evidenciou ainda o trabalho da sua pequena, mas devota equipa.
“Esta instituição teve todos os propósitos, invejas e asfixias de liquidação. Mas, felizmente, estamos vivos”, concluiu.