Os homens da Lagoa de Mira (concelho de Mira) voltaram a sair à rua ontem, durante o dia, para cumprir a tradição dos “caretos” que percorrem as ruas do concelho. Com atitudes provocadoras e insinuantes abordaram – como manda a tradição – moradores e visitantes, principalmente mulheres, qualquer que seja a sua idade.
É uma das primeiras manifestações de cada ano (Domingo Magro) que dá o arranque à quadra carnavalesca, cujo ponto alto é o próximo dia 21 de fevereiro, Terça-Feira de Carnaval.
Nesse dia voltam à rua, para integrar o Corso Carnavalesco da Praia de Mira, mas vão surgir sem hora marcada e ser avisar. Já antes, no Domingo Gordo, também prometem surpreender outras localidades.
Bruno Cunha, porta-voz dos Caretos de Lagoa de Mira, disse ontem ao DIÁRIO AS BEIRAS que o grupo integrou 13 elementos mascarados, com idades entre os 16 e 45 anos. Envergam os seus fatos, cuidadosamente guardados de um ano para o outro e, às vezes de geração em geração, o que já se faz há mais de 200 anos. O grupo só aceita indivíduos nascidos ou residentes há muitos anos na Lagoa de Mira, e muitos são descendentes de “antigos caretos”.
Mais de 20 quilómetros percorridos no concelho
Ontem foram percorridos cerca de 20 quilómetros a pé, passando por várias povoações da zona sul do concelho, “o que é fisicamente exigente”, reconhece Bruno Cunha, explicando, assim, uma menor adesão, mas garante que “no próximo domingo e na terça-feira vamos ser mais de 20”.
A tradicional “campina” esconde o rosto do careto e eleva-se ao cimo da cabeça, ornamentada com fitas coloridas e um par de cornos.
É uma “imagem demoníaca”, observam os transeuntes perante a confusão lançada pelas ruas, num alarido de sons, urros e muitas campainhas: “Aos saltos, provocadores, correm, pulam, levantam as saias, tudo num ritual misto de desafio e ousadia”.