Tribunal de Coimbra O arguido suspeito de tentar matar uma pessoa em janeiro de 2019, na discoteca Avenue Club, em Coimbra, negou ontem a acusação do Ministério Público (MP).
No início do julgamento, o homem de 33 anos, é suspeito de ser o autor de disparos a 27 de janeiro de 2019, na discoteca Avenue Club, sendo acusado de um crime de homicídio qualificado na forma tentada, coação e detenção de arma proibida.
O arguido, negou ser o autor de disparos na discoteca.
“Fui revistado à entrada da discoteca com detetor de metais, lá dentro fiquei sempre no bar encostado a beber. No final da noite deu-se uma batalha campal, estava tudo aos socos. Eu não efetuei nenhum disparo nem tinha nenhum tipo de arma”, assumiu.
Segundo a versão contada pelo arguido, no final da noite, foi novamente revistado, agora pela Polícia Judiciária (PJ).
“Fui revistado pelo inspetor da PJ. O inspetor levou-me para dentro da discoteca, despiu-me para revistar, passou cotonetes húmidos nas mãos para retirar amostras, viu que não fui eu e mandou-me embora. O inspetor apreendeu só a minha mala a tiracolo, mas já está provado que não tinha pólvora”, reiterou.
O arguido admitiu também que era cliente assíduo da discoteca em Coimbra, realçando que o espaço “tinha má fama”.
“É um local onde há sempre muita confusão, há sempre disparos lá dentro”, vincou.
Testemunha confirma arma dentro da discoteca
Foi também ouvida, na manhã de ontem, a testemunha que, alegadamente, retirou a arma do autor dos disparos daquela noite, que afirmou que estava a ver o arguido pela primeira vez na sua vida, mas referiu que lhe parecia idêntico à pessoa da discoteca.
Pressionado pela defesa do arguido, a testemunha não conseguiu ter a certeza de que o arguido era o autor do tiro dentro da discoteca. A testemunha não se recordou qual o corte de cabelo que tinha ou se o mesmo tinha barba, apenas referindo que este não usaria óculos. O arguido apresentou-se ontem em tribunal com óculos.
Numa manhã preenchida, foram ainda ouvidos dois seguranças, duas funcionárias da discoteca e ainda o dj que passou música nessa noite. Nenhuma das testemunhas foi concreta, alegando muitas vezes falta de memória dos factos ocorridos a 27 de janeiro de 2019.
O dj acabou mesmo por afirmar que “não ouviu” qualquer barulho parecido com um disparo de um tiro.
Declarações à polícia não servem
Devido aos sucessivos lapsos de memória das testemunhas, o MP pediu ao juiz para serem lidas as declarações prestadas junto de órgão de polícia criminal. A defesa do arguido recusou sempre que essas declarações fossem lidas, não podendo portanto serem utilizadas como provas para o julgamento.
O arguido está preso preventivamente face a um outro processo relacionado com tráfico de droga, tendo já sido condenado no passado por importunação sexual, roubo e sequestro.
O julgamento continua a 24 de fevereiro, pelas 15H30, altura em que deverão ser ouvidos os inspetores da PJ associados ao processo.