O presidente da Águas do Baixo Mondego e Gândara (ABMG) e da Câmara de Soure, Mário Jorge Nunes, visitou, ontem, obras em curso no concelho de Mira, presidido por Raul Almeida. O périplo começou na Lagoa, com visita às melhorias na Estação de Tratamento de Água para abastecimento ao concelho.
A comitiva seguiu viagem para a Presa, onde está a decorrer uma empreitada de um furo para captação de água, que se revelou de elevada qualidade, com possibilidade de ser perfurado outro ponto de captação. Em Mira, Mário Jorge Nunes e Raul Almeida visitaram a instalação de sistemas de medição, controlo e gestão nos sistemas de abastecimento de água.
O programa terminou no Seixo, onde foi visitada a empreitada do fecho de sistemas de saneamento – Lote 1: Seixo e Cabeças Verdes. Mário Jorge Nunes e Raul Almeida fizeram balanço positivo dos dois anos de atividade da ABMG, apesar das dificuldades com que a empresa detida pelos três municípios se tem deparado.
Nomeadamente, a empresa tem enfrentado ações em tribunal, movidas por contestatários deste sistema de água e saneamento intermunicipal, que gerou descontentamento devido à subida dos tarifários praticados até à data da parceria.
“Princípio de coesão e solidariedade”
No dia 15 de janeiro de 2020, Mira, Montemor-o-Velho e Soure passaram a tratar da água e do saneamento dos três municípios através da empresa intermunicipal ABMG. Em declarações ao DIÁRIO AS BEIRAS, Mário Jorge Nunes referiu que esta parceria assenta num “princípio de coesão e solidariedade entre os três municípios” com realidades diferente, mas com “o mesmo problema, que é a gestão da qualidade da água”.
A empresa assegura o serviço de água e saneamento a mais de 50 mil habitantes, dos quais 30 mil são clientes. A ABMG começou a ser desenhada em 2018. Dois anos após o início da atividade, estão em curso investimentos de 10 milhões de euros, que terão de ficar concluídos até 31 de dezembro deste ano, direcionados para a melhoria da qualidade e aumento da quantidade da água nos três territórios do Baixo Mondego.
Para o próximo quadro de fundos europeus, o Portugal 2030, avançou Mário Jorge Nunes, serão apresentadas candidaturas de 15 milhões de euros, cerca de cinco milhões para investimentos na rede de água e saneamento de cada um dos três concelhos. Estes projetos terão de ser concretizados na primeira fase do referido programa da União Europeia, até 2027, destacou aquele responsável.
“Tínhamos problemas de abastecimento de água”
O presidente da AMBG fez balanço positivo da atividade da empresa, não obstante os constrangimentos provocados pela pandemia, resultando num ano de atraso das empreitadas.
“Estamos plenamente convencidos de que, apesar de todas as dificuldades operacionais, vamos conseguir chegar ao final de 2023 com as metas do Portugal 2020, ou seja, os investimentos de 10 milhões de euros, atingidas”, frisou Mário Jorge Nunes.
Raul Almeida, por seu lado, reconhecendo que o caminho percorrido até agora tem tido zonas de elevado grau de dificuldade, frisou que os autarcas dos três municípios – inclui Emílio Torrão, presidente da Câmara de Montemor-o-Velho – não desanimaram e seguiram caminhando. “Sabíamos que este caminho que seria fácil. Mas, de forma unida e determinada, sabíamos que este era o melhor caminho para os nossos municípios”, afirmou o autarca mirense.
“Nós, Mira, tínhamos um problema de abastecimento de água, sobretudo na qualidade, e falta de quantidade no verão, com a população a quadruplicar, e conseguimos fazer investimentos nas captações e na melhoria da qualidade”, destacou ainda Raul Almeida. Sem a ABMG, reconheceu, seria mais difícil realizar os investimentos em curso e projetados para um futuro próximo.