Todos nós recordamos uma mão-cheia de professores que, em algum momento da nossa vida académica, deixaram marcas indeléveis. O gosto por determinada matéria especifica, a reconciliação com o estudo ou, até mesmo, a orientação vocacional. E com toda a certeza não porque fossem mais laxistas, menos exigentes ou permissivos. Não!
E o que tinham esses professores de tão especial? Acima de tudo, o dom para ensinar e a vocação certa que os fazia felizes numa sala de aula. O entusiasmo e a felicidade de um professor sentem-se e são fundamentais e contagiantes. A capacidade pedagógica aprende-se, mas não se apreende por quem não sabe.
Os países mais desenvolvidos, é comumente aceite, são os que valorizam o papel da educação e dos educadores. Esse é o mais importante dos investimentos públicos.
A respeitabilidade pública dos professores já teve melhores dias. Culpa de uma sociedade que não reconhece a importância estratégica dos educadores e dos próprios que não sabem transmitir a relevância do seu papel.
Ora, o principal problema da escola portuguesa – em todos os níveis de ensino – é uma crise de vocações. Quantos seguem a via do ensino por falta de alternativa e não por primeira escolha? Muitos!
Os salários dos professores poderiam melhores? Podiam e isso ajudaria em parte a valorizar o papel do professor. Mas se atentarmos nos números talvez não seja o maior dos problemas. Afinal de contas, Portugal surge em 17.º lugar num total de 37 países europeus, com uma média salarial de 22 374 euros por ano. Mas quando observada a comparação com o salário mínimo, Portugal surge entre os melhores classificados, na frente de países como a França por exemplo.
Os tempos atuais, com muito mais tecnologia presente nas nossas vidas e com crianças com novos modelos mentais, exigem seguramente novos modelos de ensino. Estarão os atuais professores preparados? Estarão a ser suficientemente envolvidos na discussão de uma nova escola? Terão uma ideia do que pode ser essa nova escola? Estas e outras questões são essenciais para um novo reconhecimento público do papel dos professores e educadores. Pelas mensagens das últimas manifestações não encontramos respostas. E é pena!